sábado, 26 de junho de 2010

SOU MULHER!

FLOR PAPAGAIO

É DA TAILÂNDIA,
É RARA,
DÁ SORTE!
PRA ALGUMA COISA DEVER SERVIR...
MESMO QUE SEJA SÓ PARA ALEGRAR OS OLHOS DOS APRECIADORES DE FLORES.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Azurra deixará saudades...



OS JOGADORES MAIS RAÇUDOS (DIO MIO!) ESTÃO INDO EMBORA DA COPA, DETESTO COPA OU QUALQUER MANIFESTAÇÃO QUE DEIXE A MASSA CADA VEZ MAIS ALIENADA... PORÉM... ALGUMAS COISAS NÃO PODEM SER DESCARTADAS... COMO A SIMPATIA DOS ITALIANOS... E... SÓ PARA COMPARAR... OS JOGADORES BRASILEIROS SÃO HORRÍVEIS (NA APARÊNCIA E NO TALENTO)...
EU TORÇO PELO BRASIL QUE TRABALHA, PAGA SEUS IMPOSTOS E SOBREVIVE NESTE PAÍS CHEIO DE HIPOCRISIA, DESIGUALDADE SOCIAL, CORRUPÇÃO E POLÍTICAS ANTI-SOCIAIS.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

EDUCAR NÃO É PRECISO... MAS NÃO PRECISA EXAGERAR.


De volta ao começo
Diane Ravitch, antes uma das principais defensoras dos métodos do mundo corporativo na educação, reavalia sua posição e diz que incentivos e sanções não constituem o melhor caminho para as políticas públicas
Beatriz Rey
















Na Flórida, professores protestam contra uma lei que atrela o aumento de salário ao desempenho dos alunos em exames estaduais

O meio acadêmico norte-americano, em especial aquele voltado às políticas públicas para a educação, acaba de ser sacudido por uma bomba de longo alcance. Em seu novo livro, resultado de pesquisas e de sua atuação na condução de políticas educacionais, Diane Ravitch, professora do Departamento de Educação na Universidade de Nova York, faz uma espécie de demolição crítica dos modelos de accountability e choice (responsabilização e escolha livre) adotados por estados americanos nas duas últimas décadas. Lançado em março, 
The death and life of the great american school system - How testing and choice are undermining education (A morte e a vida do grande sistema escolar americano - como avaliação e escolha estão minando a educação) foi escrito a partir da experiência educacional de 40 anos da autora e desconstrói práticas como a privatização e o fechamento de escolas, os testes padronizados e as punições por mau desempenho, entre outras
A crítica ganha mais relevância pelo histórico da pesquisadora: Ravitch foi secretária-adjunta de Educação e conselheira do secretário de Educação Lamar Alexander durante a administração de Bush pai, entre 1991 e 1993. O ex-presidente Bill Clinton indicou-a para o National Assessment Governing Board, entidade responsável pelo controle dos testes federais. Ironicamente, foi uma das grandes defensoras e responsáveis pela disseminação de políticas que envolvem testes padronizados e bonificação por desempenho. Isso até meados de 2006, quando uma avaliação do programa No Child Left Behind (NCLB) a fez mudar de ideia.
Antes de endossar as políticas de eficiência e desempenho, a educadora pregava em seus artigos acadêmicos a construção de um currículo mínimo estadual que integrasse história, geografia, literatura, artes, ciências sociais e humanidades. Em 1985, participou da elaboração de uma proposta de currículo na Califórnia,  estado que seria o primeiro a exigir que todos os alunos tivessem três anos de história mundial e três anos de história norte-americana. A investida em história e literatura visava suprir uma perda da memória cultural no país, percebida por ela na mesma época. Quando chamada a trabalhar na administração federal, encontrou pessoas que consideravam o sistema educacional público obsoleto. Por ser controlado pelo governo, estaria imerso em burocracia. As decisões centralizadas estariam impedindo o avanço do desempenho escolar.
A nova proposta era simples: levar as práticas coorporativas para dentro das escolas. Escolas e professores passariam a ser julgados pelo desempenho de seus alunos em testes padronizados. Quando o desempenho fosse satisfatório, professores, diretores e, em alguns casos, a equipe escolar receberiam bônus. Quando não, as escolas seriam fechadas, assim como são fechadas as empresas que não geram lucros. Para substituir as escolas fechadas, o governo investiria em charter schools, instituições que recebem um alvará dos governos estaduais para operar com recursos privados. Em troca de autonomia, as charter se comprometem a alcançar uma série de metas em um determinado período.
O frenesi pela responsabilização se instalou de vez nos EUA com a aprovação da lei No Child Left Behind (NCLB), em 2003. Defendida por George W. Bush e apoiada por republicanos e democratas, a lei instituiu o que Ravitch chama de punitive accountability (responsabilização punitiva). Escolas poderiam ser fechadas. Estudantes poderiam pedir transferência de escolas ruins. Professores seriam culpados pelo mau desempenho de seus alunos. A rede de escolas seria regulada pela "mão invisível do mercado".
O problema, diz a professora, é que a mão invisível do mercado não agiu como o previsto. No dia 30 de novembro de 2006, Ravitch participou de uma conferência no American Enterprise Institute, em Washington, em que analisou dois aspectos específicos da NCLB: a possibilidade de os alunos pedirem transferência de escolas ruins e a oferta de aulas após o período escolar. Os resultados levaram-na a perceber que a lei era um fracasso. Até aquele momento, menos de 5% dos alunos haviam pedido transferência para uma escola de outro bairro, mesmo com o transporte gratuito e a promessa de uma escola melhor. A lei também criava a possibilidade de empresas privadas oferecerem aulas após o período escolar, mas apenas 7% das crianças elegíveis ao programa participavam das aulas. No Colorado, o percentual era de 10% e no Kentucky, 9%. No país, 80% dos alunos não estavam inscritos nas aulas. Naquele dia, Ravitch chegou a uma conclusão. "Percebi que incentivos e sanções não são as maneiras certas de melhorar a educação. Podem funcionar para empresas, em que o lucro é a prioridade máxima, mas  não para as escolas", relata.
Os testes padronizados
Com a aprovação da lei NCLB, muitos pais e educadores protestaram contra a ênfase da nova política nos testes. Mas, segundo a professora, o problema não eram os testes, e sim "a crença de que eles poderiam identificar quais estudantes deveriam ser retidos, quais professores e diretores deveriam ser demitidos ou recompensados e quais escolas seriam fechadas", escreve. Os testes, afinal, não são instrumentos precisos de avaliação. As questões podem ser malformuladas, e as respostas ambíguas - há sempre uma margem de erro. Além disso, o desempenho do estudante pode ser afetado pelo estado emocional e distrações dentro ou fora da sala de aula. Troca-se a ideia de processo pela de resultado.
A fixação nos exames trouxe consequências graves para o sistema educacional norte-americano. Como os resultados das provas definiam o destino de professores e escolas, muitas redes acabaram desenvolvendo truques para que mais alunos fossem aprovados. Também não era incomum encontrar escolas que deixavam seus estudantes colar durante os exames - casos assim aconteceram em cidades como Houston e Dallas, no Texas. Outra prática adotada por diretores era a exclusão dos alunos com baixo potencial acadêmico em sua instituição. Para isso, exigiam cartas de recomendação de ex-professores e a entrega de redações, que explicassem os motivos pelos quais gostariam de frequentar a escola. Houve casos de diretores que limitaram o número de alunos cuja primeira língua não é o inglês ou que têm necessidades especiais.
Os governos estaduais também tentaram inflar o número de alunos com alto nível de proficiência. Segundo Ravitch, departamentos estaduais de educação silenciosamente alteraram os níveis de proficiência. É o caso da cidade de Chicago, no Illinois. Entre 2004 e 2008, a proporção de alunos de 8ª série que alcançaram proficiência em leitura passou de 55% para 76%. Em matemática, o salto foi de 33% para 70%. Um estudo conduzido pelo Civic Committee of the Commercial Club de Chicago apontou que as melhoras refletem mudanças nos procedimentos dos exames e não na aprendizagem. Isso porque, em 2006, o estado havia contratado uma nova empresa de testes, que alterou as faixas de proficiência.
O problema das variáveis
Ravitch identifica outros problemas crônicos gerados pelo sistema de responsabilização.Um deles é que as redes passaram a investir milhões de dólares em programas que ensinam os alunos a entender os tipos específicos de perguntas que apareceriam nos testes estaduais. Assim, os alunos dominam a tarefa de fazer exames, mas não dominam as disciplinas em si. "A aquisição de conhecimento e habilidades passa a ser secundária. O que importa é que a escola e o estado sejam capazes de dizer que seus alunos adquiriram proficiência. Esse tipo de conduta ignora os interesses dos estudantes, enquanto promove os interesses dos adultos que levam créditos por melhorias inexistentes", aponta. A professora ainda pergunta: que valor tem um aluno que vai bem no exame de leitura se não consegue replicar o mesmo sucesso em outro tipo de teste ou transferir essa capacidade para um contexto ao qual não está acostumado?
Essa política também tira dos ombros dos próprios estudantes e de suas famílias a responsabilidade pelo desempenho acadêmico dos alunos. As crianças seriam meros receptores passivos, sujeitos à influência dos docentes. Em outras palavras, a única variável responsável pelo bom ou mau desempenho escolar é o desempenho docente. Se os alunos frequentam a escola regularmente, se fazem lição de casa, se prestam atenção nas aulas, não importa. O que importa é o nível de proficiência adquirido nos exames que avaliam apenas inglês e matemática. "Há algo fundamentalmente errado com um sistema que negligencia os diversos fatores que determinam o desempenho acadêmico em prol de um teste anual. Em vez de de levar em conta o próprio esforço do aluno, por exemplo, a responsabilização aposta no que os docentes fazem em sala de aula durante 45 minutos ou uma hora", escreve. Ao final de suas considerações, a professora faz um resgate de seu próprio passado. Lembra de quando era aluna do ensino médio. Sua professora de gramática e literatura, a que mais marcou sua vida acadêmica, foi Ruby Ratliff, uma docente respeitada, que amava sua disciplina e ensinava sobre caráter e responsabilidades pessoais. Se estivesse lecionando nos EUA de hoje, tanto sua grandeza como professora como sua habilidade de inspirar alunos para que mudassem suas vidas passariam em branco. Além de estar fora de moda, não poderiam ser medidos por testes padronizados.
Serviço
The death and life of the great american school system - How testing and choice are undermining education, de Diane Ravitch (Basic Books)
Preço: US$ 14,80 

(
www.amazon.com)
ATÉ QUANDO NÓS,"TUPINIQUINS", VAMOS CONTINUAR IMITANDO FÓRMULAS CULTURAIS DOS POVOS QUE NOS DOMINAM E EXPLORAM NOSSOS RECURSOS, SEM QUESTIONAR, SEM CRITICAR?
VIVEMOS DE MODELOS EDUCACIONAIS FALIDOS E, EM SUA MAIORIA, VINDO DA CABEÇA (OU INTESTINO) DE QUEM NUNCA VIVENCIOU UMA SALA DE AULA NA PRÁTICA COTIDIANA. TEORIA PELA TEORIA.
LUTO POR UMA ESCOLA QUE VALORIZE O CONHECIMENTO DO ALUNO, QUE O ALUNO RESPONSÁVEL E DETERMINADO SINTA ORGULHO E VONTADE DE PARTICIPAR, QUE SEJA SÉRIA.
A ESCOLA ATUAL AGE COMO AQUELE PAI QUE, TENDO DOIS FILHOS, UM QUE RESPEITA OS LIMITES E OUTRO, REBELDE, AGE DE MODO IRRESPONSÁVEL E AGRESSIVO E, MESMO ASSIM, SÓ DÊ ATENÇÃO A ESSE SEGUNDO, FAZENDO SUAS VONTADES, ABRINDO EXCESSÕES E IGNORANDO AS CAPACIDADE E QUALIDADES DO PRIMEIRO, ISSO TAMBÉM É EXCLUSÃO, SUBESTIMAR A INTELIGÊNCIA DOS ALUNOS INTELIGENTES E VALORIZAR A POLÍTICA DO FAZ DE CONTA EM SALA DE AULA, CRIANDO BRECHAS PARA JUSTIFICAR A IGNORÂNCIA, A APATIA OU O DESINTERESSE TOTAL POR QUALQUER ÁREA DO CONHECIMENTO.
PENSE NUMA EMPRESA QUE PAGUE O PROFISSIONAL SÓ PELA PRESENÇA, MESMO QUE NÃO FAÇA NADA, É O QUE A ESCOLA ATUAL FAZ, EM SUA MAIORIA, COMO SEMPRE REPITO, UM DEPÓSITO DE GENTE PARA OS "EDUCADORES" CUIDAREM, DÃO NOTA PELA PRESENÇA DOS ALUNOS MESMO QUE ESTES SÓ ESTEJAM LÁ PRA DORMIR, DEPREDAR O PATRIMÔNIO PÚBLICO, TRAFICAR OU CONSUMIR DROGAS, PASSAR O TEMPO PARA NÃO FICAR EM CASA E TER QUE FAZER ALGUM SERVIÇO, TOTAL FALTA DE OBJETIVO, NESTA SOCIEDADE PATERNALISTA E CHEIA DE MULETAS.

terça-feira, 15 de junho de 2010

BONEQUINHA DE PANO


Bonequinha de Pano - Ziraldo, peça apresentada na X Feira do Livro de RP, que homenageia esse autor.


EU AINDA QUERO BRINCAR


Pra onde vão nossos brinquedos quando crescemos?
No máximo ficam na memória
Quando não vão pro lixo
Lhes sobram o sótão ou porão
Tão só, sotão, só
É pra onde nossos brinquedos vão
Empoeirados em cantos, baús e lembranças nostálgicas...
E hoje, sem tempo pra sonhar
Ou fazer bonecas falarem
ou confidenciar com sua imaginação fértil
e criar realidades comestíveis...
Nos resta aceitar o"presente",
que deveria ser chamado de labirinto,
das escolhas que podíamos escolher, 
escolhemos não brincar mais com as bonecas de pano
Tão verdadeiras, únicas das mãos das avós
Hoje os falsos brinquedos industrializados 
servem mais para enfeite
Não instigam a criação
Vem prontos
Determinados
Determinando que o tempo de brincar chegou ao fim...
Nos resta as brincadeiras
de coisificar as pessoas
como fantoches ou
marionetes
com nossas frustrações não satisfeitas,
nossos jogos de palavras
que não chegam aos 90 minutos nunca.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

SEM RESERVAS


ESSA COMÉDIA ROMÂNTICA (ESTILO LEVE E DESPRETENSIOSO QUE JÁ ADIANTEI OUTRAS VEZES QUE GOSTO) É MUITO SABOROSA E ÓBVIA...
PESSOAS QUE SE ADMIRAM, PESSOAS QUE SE SURPREENDEM, COMPETIÇÃO "SAUDÁVEL", COINCIDÊNCIAS, ACASOS, BOM HUMOR, SEDUÇÃO, DOÇURA E DESTINOS... COISAS QUE SÓ ACONTECEM EM FILMES... SERÁ? TALVEZ  O QUE ME INCOMODA MUITO SEJA APENAS OS MALDITOS FINAIS FELIZES... TALVEZ... JÁ QUE AQUI FORA AS COISAS NÃO TEM FIM EM ÍNFIMOS 103 MINUTOS.

A FERA NA SELVA - Leitura Dramática - X Feira do Livro de RPO




«Alguma coisa teria dado origem à fala que o sobressaltou no decurso daquele encontro. O quê não importa: talvez meia dúzia de palavras partidas dele próprio sem premeditação especial – ditas quando, ao fim de um lento percurso, se aproximaram e reataram conhecimento.»

A Fera na Selva, Henry James

John Marcher reencontra May Bartram, a mulher a quem, dez anos antes, havia confessado o grande segredo da sua vida. Um segredo próximo de uma missão ou um desígnio, «uma certeza profundíssima, uma sensação de estar destinado a qualquer coisa rara e estranha, que mais tarde ou mais cedo viria ao seu encontro». O acontecimento que iria mudar a sua vida para sempre. Neste singular reencontro, os mundos de May e John colidem num reconhecimento trágico: é May quem ressurge da memória e lhe relembra a confissão deste segredo, falha definitivamente trágica na biografia de John Marcher, assim como é May quem, tacitamente, se compromete a aguardar ao lado de John até que este «desígnio dos Deuses» se cumpra. Esta espécie de jogo, matrimónio sustentado pela «certeza profundíssima» de um porvir, arrasta-se ao longo de uma vida inteira, temperada pela aridez da espera, pelo cansaço e pelo desgaste de May, uma «parente pobre» na vida de John, um sustentáculo que abriga a fragilidade e o medo do homem perante a sua própria solidão. Esta aliança fatal tem a duração de uma vida. Mas, quando a vida começa, lentamente, a despedir-se dos corpos que a abrigaram, quanto tempo faltará para esperar? Será que já aconteceu o mais importante? A Fera deu o salto na Selva, simples e silenciosamente demais perante um ego tão estrondoso e exigente?

Henry James, o autor deste romance/novela, escreve num tempo de grandes mudanças e é impossível atribuir-lhe uma classificação perante a modernidade e a singularidade da sua escrita. Um realismo muito cruel, do ponto de vista do seu próprio tempo, mas também do ponto de vista do trabalho das personagens – um realismo psicológico? Um realismo impressionista, na descrição mais sensitiva dos universos interiores de May e John? Um realismo já expressionista, por quanto nos aumenta e alarga a perspectiva de duas vidas e, no seu modo trágico, as distorce e expande aos olhos do leitor?

A Fera na Selva traz-nos de novo o paradigma dos encontros fatais, com hora e data marcada, nos papéis de duas personagens que, muito mais do que personagens, são verdadeiros arquétipos da condição humana naquilo que representam enquanto seres expostos à revelação do desígnio das suas próprias vidas. Um narrador omnisciente (com função de coro imparcial e moralizador) convida-nos a espreitar sobre o seu ombro e a mergulharmos na profundidade do interior de May e John. Enquanto leitores, somos convidados a experimentar, passo a passo, o evoluir de duas vidas. «Espreitar pela fechadura» não seria suficiente para definir este realismo de Henry James, pois somos levados muito mais longe à procura das chaves que abrem as portas para o acontecimento seguinte. E, como numa boa tragédia, as portas só se abrem no fim, uma por uma, deixando que a iluminação deslize suavemente pela corrente de ar como uma necessidade ao Homem. O leitor é assoberbado pelo sentimento trágico, revisitando o seu próprio caminho vital perante a compaixão que sente pelo herói John Marcher. A leitura deste romance é, portanto, como uma seta em três tempos: apresenta-se, trespassa-nos e, finalmente, relativiza-nos. Se, num primeiro momento do romance, somos leitores distanciados do texto, observadores da dita fechadura, subtilmente passamos a apropriarmo-nos do texto até, finalmente, sê-lo por inteiro. Da ratio para o pathos, da manifestação lúdica para a transformação e enriquecimento humano. Um texto de uma leitura entusiasmante, do ponto de vista da escrita, mas também do próprio conteúdo.
Muito mais do que uma marcha dos heróis pelos factos e pela desgraça, A Fera na Selva é um percurso pela tragédia do interior, aquela dos sentimentos e das certezas, das esperas, das necessidades, aquela que no fim perguntará sempre se é possível voltar atrás. Na ficção, sim…

QUANDO FUI ASSISTIR À LEITURA DRAMÁTICA DA ADAPTAÇÃO DESTA OBRA, INTERPRETADA POR PAULO BETTI E ELIANE GIARDINI, NUMA TARDE TUMULTUADA DE SÁBADO, NÃO TINHA NOÇÃO QUE ESSA EXPERIÊNCIA SERIA TÃO FORTE... SÓ CONHECIA OS ATORES, NÃO CONHECIA NEM A OBRA E MUITO MENOS SUA RELEITURA PARA O CINEMA OU TEATRO, MAS FIQUEI ABSORTA, FUI TOMADA POR UMA SENSAÇÃO ABSURDA DO MECANICISMO DAS RELAÇÕES INSANAS DA ESPERA, ESPERA POR ALGO, A VIDA NUM PASSADO, A VIDA NUM FUTURO, E A AUSÊNCIA DELA NO PRESENTE, PELO MENOS DA PERCEPÇÃO DELA... DEPOIS DA DISCUSSÃO COM OS ATORES CAMINHEI ATÉ O RESTANTE DO TEMPO DO TRABALHO TENTANDO DAR SENTIDO AQUELA DURAÇÃO... MEMÓRIA... DAQUILO QUE NUNCA É TOTALMENTE O AGORA... PRODUZINDO-SE A PARTIR DE PEDAÇOS DE EXISTÊNCIA NÃO VIVIDA, PARA SE TRANSFORMAR EM DOR POR QUERER VIVER.

domingo, 13 de junho de 2010

Mário Prata: X FEIRA DO LIVRO DE RIBEIRÃO PRETO - 2010

www.feiradolivroribeirao.com.br/2010/programacao.shtml
Já havia deixado aqui no Blog a minha felicidade pelo SHOW do Milton Nascimento, Flávio Venturini e Lô Borges... realmente, valeu a pena o sufoco entre a multidão do rebanho que se reúnem nesses eventos abertos, sem ao menos saberem o que estão fazendo lá... apenas seguem o FLUXO (detesto esta palavra)... mas, como já disse, tudo isso ficou muito pequeno perto desses poetas da música... foi catártico... estava precisando.
Mas, não o que foi isso que vim dividir aqui.
Estive ontem no Salão de Idéias com o Escritor MÁRIO PRATA, que já ganhou dinheiro (e ainda ganha) escrevendo pro teatro, pro cinema, pra televisão, pro jornal, pra revistas e, de algum tempo pra cá, com a literatura, inicialmente crônicas e contos e agora com os romances policiais. Foi divertido... ele é um cara muito experiente no ramo literário (no conteúdo e nas picaretagens do negócio), apresentou-se num bate-papo informal, passeou, como é característica sua, entre o passado e o presente, pontuando questões que dizem respeito ao meio cultural, literário, político, editorial, pessoal e econômico, usando a velha fórmula sofista... discurso persuasivo com um ar de despretenção... irônico, sarcástico, debochado, mas já cansado, senti nele um ar de Quixote... não uma decadência literária, mas física... das lutas juvenis... já tem currículo suficiente para o sucesso, quer escrever mais, sabe vender... não pensa mais na cultura para as massas... sabe que tem público certo... a sobrevivência com um certo conforto já lhe basta.
Na saída do Auditório Meira Júnior, após a palestra, uma exposição de arte com metal fundido apresentava vários Quixotes... de vários tamanhos e expressões... com um moínho ao centro... um chamado ao mundo dos que apenas sonham com um passado que não existiu, um futuro que não pode prever dentro de um presente previsível e saturado de batalhas e de escolhas que nos tiram o próprio sentido de felicidade, fechou a noite do dia 12 de junho, no retorno a caverna... todos dormiam... até os peixes com seu olhos abertos.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

EU VOU... COM O CLUBE DA ESQUINA... MARAVILHOSO.


FUI E ESSA FOI REALMENTE UMA DAS MÚSICAS DO
REPERTÓRIO DA NOITE... GOSTEI MUITO...

Quem precisa de herói?

MulherMaravilha
Vez por outra vemos as pessoas falarem em milagres e heróis, só os fracos pensam assim, esperando um messias (Noé, Buda, Moises, Abrahão, Cristo, Antônio Conselheiro, Che Guevara)... alguém pra guiar seus passos, determinar seus pensamentos, entregar a tutela de suas vidas... para depois não assumirem as responsabilidades pelos seus atos, já que não fizeram nada com autonomia...
Mas o que é ser autônomo?
Fazer o que quer ou o que a natureza das coisas determina?
Existe liberdade? Escolha? Opção?

Dorothy
Quando agimos pela vontade nos dizem que somos egoistas e levianos... quando agimos com alguma intenção altruísta dizem que não nos amamos, que temos baixo estima e somos fracos e covardes.
Então, nos prendemos nas catarse, vivemos em tempos de gozarmos com o "pinto alheio", focamos nossas expectativas em poesias, livros, filmes e músicas onde as pessoas sentem e vivem situações que gostaríamos de viver, se já não tivéssemos uma realidade "morna" das convivências cotidianas, mas nos conformamos e nos acomodamos a essas situações frustrantes e corriqueiras, deixamos os sonhos para o mundo virtual, para o metafísico, para o nosso lado B, escondido em nossos buracos negros; estamos envolvidos com pessoas que não queremos magoar ainda mais, pois sabem que não estamos espiritualmente presentes, portanto, já que se contentam com a presença física, nos furtamos da coragem de partir, envolvidos com as vidas que geramos e que são nossa nova esperança de felicidade e sucesso, envolvidos com a responsabilidade e o compromisso com os contratos sociais objetivos ou subjetivos, preferimos assim, transformar uma história em estória (apesar desse termo ter caído em desuso)...
Mas isso é uma escolha contingente ou necessária?
Penso nisso sempre que tenho que "escolher"... o que é mais importante, o que pode esperar? Ou, em outros termos, o que realmente fará falta e o que eu vivo sem... acredite... instintivamente estamos nos melhores lugares do mundo, fazendo o que mais nos faz feliz, com as pessoas que mais nos importam. O resto... basta nos desmitificarmos... e dará um excelente tomo.
ParaSempreSuaColombina

Borboleta boba e lenta


NÃO FUI CRIADA COM CONTOS DE FADA, mas com lendas do saci
NEM COM CAMISOLINHA DE SEDA, mas com roupas usadas e reformadas de estranhos ou de carne seca
NÃO FUI CRIADA COM ACHOCOLATADO, mas com leite quente da teta para o como com conhaque
NEM COM TRAVESSEIRO DE PLUMAS, mas com travesseiro de pãina e cochão de palha
NÃO FUI CRIADA COM BONS MODOS, mas com as leis naturais do mais forte
NEM PARA O CAMAROTE, e sim para os bastidores empoeirados longe dos espetáculos
RONCO, TENHO CASPA,  CHULÉ, FUMO, BEBO, ME MASTURBO, FALO SOZINHA, DURMO SEM TOMAR BANHO (as vezes), TIRO MELECA DO NARIZ ENQUANTO DIRIJO, NÃO FREQUENTO CABELEIREIROS e NEM MANICURES rotineiramente, SOU BREGA NO VESTIR E GROSSA NO FALAR, MUITO DESCOMPENSADA NO SENTIR... SOU REAL, UMA MULHER DE MEIA IDADE CHEIA DE HISTÓRIAS, OBJETIVOS E ASSUNTOS PENDENTES PRESOS COM CLIPS ENFERRUJADOS... PRONTOS PARA CAIR NO ESQUECIMENTO, sem más intenções com terceiros, APENAS QUERENDO VIVER, magoando mais a si do que aos outros, POR ESPERAR DAS PESSOAS SENTIMENTOS QUE NÃO TÊM NEM POR SI PRÓPRIAS.

Gripe A: A PANDEMIA QUE NUNCA EXISTIU

terça-feira, 8 de junho de 2010

Calafrios

Está muito frio, e apesar dele me remeter a coisas quentes e aconchegantes, poderia não ser tão intenso,
Preciso de mais bebida quente, queimando a língua,
Me sentir acolhida por muitos cobertores, quase a arder de febre,
Preciso ser invadida por corpos quentes, para não permitir que os ares gelados me ocupem,
Me falta o ar, me resseca a pele,
Minha fragilidade se mostra...
Quando o seu iceberg irá derreter?

Abissais


Estou aborrecida
E isso não é bom
Principalmente porque eu não tenho motivos pra tanto
Não é pela ausência do seu olhar... pois eles estão sempre sobre minha pele
Não é pela ausência do seu sorriso... pois não lhe faltam motivos, por ironia, sarcasmo ou provocação infantil, em soltar sorrisos ...
Não é pela ausência de toques... pois já tive suas pernas nas minhas, sua mãos nas minhas, sua boca na minha, sua língua na minha... e isso realmente não me faz falta... não é isso que eu preciso agora...
Não é pela falta de confetes... pois está sempre me elogiando on line, off line... principalmente em off... que lhe dá a impressão de estar numa aventura juvenil...
Não é pela falta de atenção... já perdemos muito tempo (ou ganhamos?) um com o outro... longos textos... longas leituras de palavras e almas... poetas inflamados... cheios de egos que temos...
Já nos presenteamos
Já nos prometemos
Já nos comprometemos
Tudo num faz de conta onírico dos nossos dias entediados 
Mas não é isso que me faz falta
Acho que o que mais me faz falta é quando ainda...
... mesmo que em meio a tantas reticências...
nos respeitávamos...
havia um cuidado...
um carinho...
Ainda tínhamos em nossos baús locais específicos para guardar as preciosidades que líamos, que escrevíamos... que trocávamos... não precisávamos desovar nossos pertences... como quem precisa ocultar corpos... de crimes "perfeitos"... não tem cães pra devorar as carnes dos seus cadáveres? Ou seus dentes já não são tão afiados pela idade?
Isso não enteressa mais...
Jogamos fora o que não nos serve nem como alimento de traça
Quem sabe, por esforçar-se tanto pra me convencer que não tem nada em você que me faz feliz
Eu encontre um bueiro profundo o suficiente pra jogar lá tudo o que tenho de você...
Aí saberei que até a sua covardia... pela convivência... eu adquiri.

domingo, 6 de junho de 2010

QUINO, MAIS QUE CARTUNISTA, UM CRÍTICO SOCIAL


Quino, Autor da “Mafalda”,
desiludido com o rumo deste século
no que respeita a valores e educação,
deixou impresso nos cartoons o seu
sentimento.

SEM A PRETENSÃO DE IMPOR
VALORES, MAS DE SE
QUESTIONAR SEMPRE OS
VALORES QUE TEM SIDO
NORMATIZADOS EM NOSSA
SOCIEDADE DO CONSUMO
DE COISAS E COISIFICAÇÃO
HUMANA, EXAGERADA E
DESGRAÇADAMENTE HUMANA.
SOMOS QUEM PODEMOS SER?
SONHOS QUE PODEMOS TER?...

Filme com chocolate, bom!


Para quem gosta de comédia romântica como eu... é divertida... mas óbvia...  apesar disso não decepciona, mostra como é possível não generalizar situações, criar modelos ou fórmulas para se apaixonar ou manter um relacionamento... também gostei do filme...

É maravilhosa a paisagem do Alasca, mas o vestido da noiva, horrível (clichê feminino após qualquer evento rsrs). Novamente a tentativa de controle racional sobre a natureza das coisas.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

OI, SÓ...

POSSE INTERROMPER O SEU "OCUPADÍSSIMA" PARA UM OI?
Só oi?
SIM.
Toda essa formalidade para um oi?
SIM.
Todo esse taquicardia por um oi?
SIM.
Todos os meus sentidos embaralhados por um oi?
SIM.
Minha respiração ofegante por um oi?
SIM.
Interromper meu trabalho acadêmico por um oi?
SIM.
Lágrimas nos olhos, mãos suadas, boca seca... somente para um oi?
SIM.
Então... se é só o que quer... entre os quilos de inconformadas saudades... os Chicos e outros tantos... as lascas de chocolate amargo com café... os éticos... o som da água do aquário... o silêncio da casa sem filhos... cães e gatos em sonecas pelo quintal: oi!
OBRIGADO!
(O que é um "oi" pra quem escreve tanto e tão bem?!)

terça-feira, 1 de junho de 2010

Quem dera ser um peixe?...

FOTO DO MEU AQUÁRIO
Eu tenho muito o que fazer: uma filha em interminável tratamento, um filho pré adolescente cheio de dúvidas, muitos livros pra ler da pós graduação, uma profissão estressante, um relacionamento aos farrapos, 2 cachorros, um gato, uma casa de abelhas e algumas plantas... não bastante... me envolvo com um aquário, que me toma tempo... me suga... fico absorta por horas todos os dias a olhar para o seu interior... tentar entender seus movimentos... seu conteúdo antes límpido ... e agora opaco... querendo ser um peixe, abissal ou neon... mergulhar sem me preocupar... com o que devo fazer primeiro.

Inconformismo









Aonde?…

Ando a chamar por ti, demente, alucinada,
Aonde estás, amor? Aonde… aonde… aonde?…
O eco ao pé de mim segreda… desgraçada…
E só a voz do eco, irônica, responde!
Estendo os braços meus! Chamo por ti ainda!
O vento, aos meus ouvidos, soluça a murmurar;
Parece a tua voz, a tua voz tão linda
Cantando como um rio banhado de luar!
Eu grito a minha dor, a minha dor intensa!
Esta saudade enorme, esta saudade imensa!
E Só a voz do eco à minha voz responde…
Em gritos, a chorar, soluço o nome teu
E grito ao mar, à terra, ao puro azul do céu:
Aonde estás, amor? Aonde… aonde… aonde?…
Florbela é uma doce presença em tardes que não passam ou nas que o tempo nos devoram sem responder ou solucionar nossas angústias...