segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Tanto fez ou tanto faz...





É ASSIM QUE ESTOU ME SENTINDO HOJE...

AMORA


ESTAMOS EM TEMPOS DE AMORA...
DE SE ACEITAR ELOGIOS APENAS DOS DESAFETOS,
DE ACEITAR CRÍTICAS APENAS DOS AMORES.
OS PÉS DE AMORA ESTÃO CARREGADOS,
SEUS FRUTOS MUITO SUCULENTOS,
SUA TINTA MUITO FORTE.
BOM PARA OS PÁSSAROS,
BOM PARA OS QUE PASSAM,
FICAM COM AS MÃOS E BOCAS MANCHADOS,
DE UMA ALEGRIA DOCE E INFANTIL.
SUA DELICADEZA DE ASPECTO
DESTOA DE SUA NÓDOA.
MESMO EMPOEIRADA
PELA ESTAÇÃO SEM CHUVAS
É DEVORADA PELOS OLHOS, BICO E BOCAS SALIVADAS.
ESTAMOS EM TEMPOS DE AMORA,
DE POEIRA, QUEIMADA E AR SECO,
DE RESPIRAÇÃO CANSADA E
SENTIDOS ENFUMAÇADOS
... DE FRUTOS QUE NASCEM NO MATO...
... DE VIDAS QUE RIEM DO DESTINO.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

CABEÇA DE BALÃO

Cabeça de balão
por C.R. Suzuki

Era uma vez uma garota que adorava objetos redondos e brilhantes. Tudo que via queria pra si, anéis, brincos... Mas o que mais gostava era a ilusão do Sol e da Lua.
Sua mãe sempre dizia que iria ficar cega de tanto olhar para o sol, toda vez que a levava para a praia, mas a menina era teimosa, gostava da sensação de pegar os óculos escuros e observá-lo. Certo dia a garota nota algo brilhando no céu que subitamente despenca ao mar. Era um lindo balão que caíra, e o que brilhava era uma bússola exposta por seu dono ao sol. A garota faz inúmeras perguntas, e o senhor, dono do balão conta-lhe inúmeras histórias, nesse meio tempo que estivera em terra firme, tornando-se amigos. Até que chegara a hora da despedida, pois conseguira recuperar seu balão, como última visita, ele a leva para um passeio de balão, como mandava o figurino. Lá de cima, ela viaja com sua imaginação fértil. O senhor lhe dera a pequena bússola reluzente, com isso logo diz: “Menina da cabeça de vento, guiada pela brisa da imaginação, sempre quis o Sol e agora está perto dele!". Ela: "Minha cabeça é igual ao seu balão, quente pelas chamas das idéias e levada pelos ventos... Sim é verdade sempre quis o Sol e graças a você já tenho um pedaço dele!...". Tudo depende de como você olha pelas entre linhas o que você quer! FIM!!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

DESGRAÇADA POESIA

NÃO ADIANTA SE DISFARÇAR DE BOAZINHA SE É PUTA QUE NÃO ESTÁ NEM AI
SE CHEGOU EM MINHA VIDA DESDE A INFÂNCIA
PRA MOSTRAR QUE EU NÃO TERIA MAIS SOSSEGO
NÃO ADIANTA SE DISFARÇAR DE SALVADORA
DAQUELA QUE VEM ACORDAR OS CORAÇÕES SOLITÁRIOS
FAZ ARRUAÇA AO TEU BEL PRAZER
E RETIRA ATÉ A MOBÍLIA DE MINHA COMPANHIA
NÃO ADIANTA SE DISFARÇAR DE CONSELHEIRA
SE SÓ ASSOPRAS EM MEUS OUVIDOS TEMPESTADES
ÉS MAU AGOURO, ÉS ASSOMBRADA
NÃO TRAZES DE CONSOLO NEM UM PÁRA-RAIOS
ASSUME TODAS AS LINHAS QUE MANIPULA DE NÓS, PERDIDAS MARIONETES
ANOVELA AS LINHAS DO DESTINO ÀS CUSTAS DAS NOSSAS VÍSCERAS
NÃO POSSO TE OFERECER O INFERNO, POIS SERIA TE MANDAR PRO PARAÍSO
NEM POSSO IR PRO INFERNO, SENÃO CAIRIA NOS TEUS BRAÇOS
CAOS É TEU DE DIREITO
ANGÚSTIA SUA VESTIMENTA DE FESTA
POR MAIS QUE TE DISFARÇAS DE BOA MOÇA
COM MODELINHOS, AS VEZES, COMPORTADOS
NOS DESPES NO DESERTO (A MORRER NOS EXTREMOS)
TRANSFORMA NOSSA ALMA EM ENTRELAÇADAS CORRENTES
POESIA: TUDO ISSO VINGANÇA DO QUE NÃO PODE EM CARNE SENTIR?

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

HOJE REENCONTREI BANDEIRA

MASCARADA
Você me conhece?
(Frase dos mascarados de antigamente)

- Você me conhece?
- Não conheço não.
- Ah, como fui bela!
Tive grandes olhos,
que a paixão dos homens
(estranha paixão!)
Fazia maiores...
Fazia infinitos.
Diz: não me conheces?
- Não conheço não.

- Se eu falava, um mundo
Irreal se abria
à tua visão!
Tu não me escutavas:
Perdido ficavas
Na noite sem fundo
Do que eu te dizia...
Era a minha fala
Canto e persuasão...
Pois não me conheces?
- Não conheço não.
- Choraste em meus braços
- Não me lembro não.

- Por mim quantas vezes
O sono perdeste
E ciúmes atrozes
Te despedaçaram!

Por mim quantas vezes
Quase tu mataste,
Quase te mataste,
Quase te mataram!
Agora me fitas
E não me conheces?

- Não conheço não.
Conheço que a vida
É sonho, ilusão.
Conheço que a vida,
A vida é traição.
Manuel Bandeira

ARANHA OU MOSCA DA WEB

“Ocorreram-me várias coisas enquanto pensava no assunto. No silêncio de uma velha sala, eu preparava esta intervenção quando me ocorreu observar na esquina do teto uma teia de aranha. Esse pequeno animal concebera e constituíra não uma casa onde morar, mas uma armadilha para caçar.
  Os ingleses chamam a web a esse entrelaçar de fios. A tradução do termo é ambígua – pode ser rede, pode ser teia. Essa mesma ambigüidade puxou o gatilho de uma velha inquietação [...] Há uns anos a fronteira entre civilizados e os povos indígenas era a sua integração na ilustra europeia. Agora, uma nova fronteira pode estar surgindo – de um lado, os digitalizados e, de outro, os ex-indígenas que passarão de indigentes a indigitalizados. Uma nova proposta de cidadania está em curso. E nós estaremos, de novo, no lado dos subúrbios.
Enfim, a web é uma rede, mas também uma teia. Nessa teia e que voluntariamente aderimos seremos a aranha se tivermos estratégia. Sermos a mosca se nos mantivermos pensando com a cabeça dos outros”.
COUTO, Mia. Pensatempos. Lisboa: Editorial Caminho, 2005.

POLÍTICO: O MELHOR EMPREGO DO BRASIL II

NINGUÉM MAIS QUER TRABALHAR... TODOS QUEREM ESSE EMPREGO... ESTÁ UMA LOUCURA... MAS CUIDADO... O QUE A MAIORIA QUER É ENTRAR COM A FAMA... VENDER O CARGO PARA O SUPLENTE E DEPOIS SAIR DIZENDO... COMO UNS E OUTROS (NÉ, AGNALDO TIMÓTEO???)... QUE NÃO SUPORTARAM A SUJEIRA... TADINHO, QUE INGÊNUO, MAS ELE ESTÁ AÍ DE NOVO... SERÁ QUE SAUDADES DA LATRINA???... 


No Esporte:


Acelino Popó Freitas (PRB-BA)- O boxeador concorre a deputado estadual
Maguila (PTN-SP)- Ex-boxeador,quer ser deputado federal
Marcelinho Carioca (PSB-SP)- Ex-jogador, concorre a deputado federal
Romário (PSB-RJ)- Ex-jogador, busca uma vaga na Câmara Federal
Vampeta (PTB-SP) - Ex-jogador, concorre a deputado federal
Fabiano (PMDB-RS) - Ex-atacante do Inter, é candidato a deputado estadual
Danrlei (PTB-RS) - Ex-goleiro do Grêmio, concorre a deputado federal

Na Música:


Gaúcho da Fronteira (PTB-RS) - Músico concorre a deputado estadual
Kiko (DEM-SP) - Membro do grupo KLB, concorre a deputado federal
Leandro (DEM-SP) - Integrante do KLB, concorre a deputado estadual
Faltou o Bruno... aí poderiam até lançar um novo partido chamado KLB. O que mais tem nesse país é gente safada e partido político!!!

Netinho (PCdoB-SP) - Cantor do grupo Negritude, concorre a senador   (Aquele que bateu na mulher, lembram?)
Reginaldo Rossi (PDT-PE) - Cantor, concorre a deputado estadual
Renner (PP-GO) - Integrante da dupla Rick&Renner, concorre ao Senado
Sérgio Reis (PR-MG) - Cantor e ator, concorre a deputado federal
Tati Quebra-Barraco (PTC-RJ) - Funkeira, concorre a deputada federal


Na Televisão: 

Ronaldo Esper (PTC-SP) - O estilista quer ser deputado federalPedro 
Manso (PRB-RJ) - Humorista, disputa na vaga na Assembleia Legislativa
Dedé Santana (PSC-PR) - Humorista, quer ser deputado estadual
Tiririca (PR-SP) - Humorista, disputa uma vaga na Câmara Federal
Batoré (PP-SP) - Humorista, quer uma vaga na Câmara Federal

No Pomar:


Mulher Melão (PHS-RJ) - Cristina Célia Antunes Batista concorre a deputada federal
Mulher Pera (PTN-SP) - Suellen Aline Mendes Silva quer ser deputada federal


ISTO NÃO CONTANDO OS ANÔNIMOS QUE, COMO ESSES, NÃO TEM NENHUMA FORMAÇÃO... NENHUMA NOÇÃO DE POLÍTICA... NENHUM SENSO DO RIDÍCULO... E... PRINCIPALMENTE... NENHUMA VERGONHA NA CARA!!!

FAGNER - NOTURNO (CORAÇÃO ALADO)



ACORDEI "FAGNER" HOJE... ASSIM... QUERENDO COMEÇAR PELO FIM...QUERENDO DESATAR NÓS CEGOS E ENGORDURADOS... ASSIM... TENDO QUE DECIDIR ENTRE CAMINHAR OU ME ENTUPIR DE PÃO DE QUEIJO... ASSIM... ANUVIADA...

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

POLÍTICO: O MELHOR EMPREGO DO BRASIL

PRECISA SER BRASILEIRO(A);
ESTAR EM DIA COM AS OBRIGAÇÕES LEGAIS;
SABER LER E ESCREVER (INCLUINDO ANALFABETO FUNCIONAL);
ESTAR LIGADO A QUALQUER QUADRILHA, DIGO, PARTIDO POLÍTICO;
ENTENDER O SENTIDO DAS PALAVRAS CORRUPÇÃO, SUBORNO, MARACUTAIA, PROPINA E IMPUNIDADE (OU SERIA IMUNIDADE?);
SER POPULAR: CANTOR(A), MODELO E MANEQUIM, ATOR(ATRIZ), OU TER PARTICIPADO DE QUALQUER 5 MINUTOS DE FAMA DA TÃO "EDUCATIVA" TV ABERTA BRASILEIRA;
SER RAPOSA VELHA NA POLÍTICA, ISTO É, TER CUMPRIDO OUTROS MANDATOS, OU SER FILHO, NETO, BISNETO, TATARANETO... ETC... DE POLÍTICO;
ACEITAR AS PIADAS E CRÍTICAS VAZIAS DOS PROGRAMAS SENSACIONALISTAS COM MUITA CARA DE PAU (TUDO PELO IBOPE);
TER UM SALÁRIO MILIONÁRIO SEM PRECISAR TRABALHAR, POIS NÃO TEM NINGUÉM QUE  FISCALIZA, E AINDA PODER EMPREGAR A FAMÍLIA TODA, COM A AJUDA DOS COLEGAS (TROCA-TROCA FAMILIAR);
NÃO PRECISA CONHECER A CONSTITUIÇÃO, NEM DO CARGO QUE VAI EXERCER, POIS NÃO VAI PRESTAR CONCURSO, NEM QUALQUER AVALIAÇÃO PRA MOSTRAR SUA COMPETÊNCIA OU PRA RECEBER AUMENTO DE SALÁRIO;
É APOSENTADO COM O VALOR INTEGRAL DO SEU SALÁRIO DEPOIS DE DOIS MANDATOS;
MORA DE GRAÇA, VIAJA DE GRAÇA, VESTE DE GRAÇA, COME DE GRAÇA;
CONTROLA O DINHEIRO DO PAÍS TODO E PODE GASTAR COM O QUE QUISER, A POPULAÇÃO É A ÚLTIMA A SABER PRA ONDE FOI OS SEUS IMPOSTOS, QUANDO SABEM.
SÓ FORMULAM E VOTAM EM LEIS QUE OS BENEFICIAM DIRETAMENTE COM DINHEIRO (NA CUECA, MEIA, MALETA, FIOFÓ) OU REGALIAS;
PORTANTO, SE GOSTA DE GANHAR BEM, NÃO TEM NENHUMA FORMAÇÃO PROFISSIONAL OU ACADÊMICA LIGADA A ÁREA POLÍTICA OU ADMINISTRATIVA, NÃO TEM EXCRÚPULO, É MUITO POPULAR E SOFISMÁTICO...
ESSE É O EMPREGO IDEAL PRA VOCÊ, JUNTE-SE A ELES E A MUITOS OUTROS...




















.... UFA ... CHEGA... SÃO TANTOS ABSURDOS QUE NOS FALTAM ESPAÇO PARA EXPOSIÇÃO... DE UMA COISA EU TENHO CERTEZA: DE POLÍTICA A MAIORIA DOS CANDIDATOS  NÃO ENTENDE, MAS EM SER POLÍTICO, CERTAMENTE SABEM, POIS TEM EXCELENTES PROFESSORES ATUANDO NOS PALCOS (câmaras/palácios/explanadas) BRASILEIROS.

A CURA



NÃO SEI SE VÍRUS OU BACTÉRIA OU PARANÓIA
SÓ SEI QUE ENTROU EM MIM
PELO CAFÉ COM CANELA
PELO POLEN  DOS IPÊS AMARELOS
PELOS OLHARES DO URUTAU
CORPO E ALMA
OFUSCA MINHA VISÃO, TATO, PALADAR, AUDIÇÃO E OLFATO
NÃO AUMENTA O MEDO NEM A CORAGEM
ME TIRA A FOME, O SONO, O SOSSEGO
ME DÁ VERTIGEM, TESÃO, "PESADELO"
JÁ TENTEI CHÁ, ASPIRINA E SUADOR
TENTEI BANHO DE RIO, DE SOL E DE SAL
REPOUSO, CAMINHADA E CORRIDA
EXPERIMENTEI SER LAMBIDA, CHEIRADA E CUSPIDA
PENSEI... QUEM SABE SE VOMITAR...
CHORAR NÃO FUNCIONA
PELOS POROS NÃO SAIU
PELAS EXCREÇÕES NÃO ME ABANDONOU
NEM GULA NEM ANOREXIA
DROGAS PRA DORMIR SÓ MUDAM A COISA DE ESTADO:
DE MAL ESTAR FÍSICO PARA PERTUBAÇÃO ONÍRICA
NÃO ENCONTRO O PORTAL DE SAÍDA
SE DESISTIR FICO IMPOTENTE
SE LUTAR FICA MAIS FORTE
QUANDO IGNORO FICO TRANCADA FORA DE MIM
QUANDO MERGULHO É UM ABISMO SEM FIM
NÃO SEI SE ESTOU A PROCURA OU EM FUGA
DA TÃO MISTERIOSA CURA

domingo, 15 de agosto de 2010

É Dr. ... se dobrou a moral do rebanho?



AS VEZES ENCONTRAMOS NA FICÇÃO UM OU OUTRO PERSONAGEM QUE ADMIRAMOS POR SUA CORAGEM DIANTE DE QUESTÕES POLÊMICAS DA SOCIEDADE, DO REBANHO... E ESSES PERSONAGENS PARECEM ACIMA DO BEM E DO MAL, DESAFIAM TODOS OS MODELOS POLITICAMENTE CORRETOS E NOS PRENDEM, CERTAMENTE, POR SUA CORAGEM EM RESOLVER QUESTÕES DE MODO OBJETIVO... MAS COM O TEMPO ELES ENVELHECEM, SE TORNAM DECADENTES E... NÃO MAIS NOS SURPREENDEM POR SEU ÍMPETO, MAS NOS DÃO PENA POR SUAS APROXIMAÇÕES COM NOSSA HUMANIDADE ÓBVIA E CASTRADA DE POTÊNCIAS DE SUPERAÇÃO, DE SUPER COISA NENHUMA... MESMO NA FICÇÃO, HÁ DESGASTES INEVITÁVEIS E AS COISAS NÃO SE SUSTENTAM... NEM NOS SUSTENTAM MAIS... É HORA DE SE CONTENTAR COM A LEMBRANÇA DOS PRIMEIROS EPISÓDIOS... OU MUDAR DE SÉRIE...

BOLSA INCOMPETÊNCIA


O governo de São Paulo às  vésperas de um pleito  majoritário utiliza-se de  subterfúgio para a captação  de votos e cooptação de  possíveis eleitores de  maneira desavergonhada.  Paga um dos menores  salários para os  professores da Educação Básica e pagará, agora, em época de eleição três  vezes mais o tal valor  para "alunos-tutores" e  ainda uma bolsa de  R$50,00 para o aluno  de frequentará aulas de  reforço; com fundos do  BID - endividando o estado. Um absurdo!  Confiram em http://www. multiplicandosaber.org.br /html/press_release.pdf
ESSE TEXTO ACIMA REFLETE A  INDIGNAÇÃO DE UMA AMIGA  PESSOAL E DE TRABALHO A  RESPEITO DA MAIS NOVA  DEMONSTRAÇÃO DE INSANIDADE POR PARTE DO GOVERNO  ESTADUAL EM RELAÇÃO A  EDUCAÇÃO. É UM TOTAL  DESESTÍMULO AO  CONHECIMENTO PELO  CONHECIMENTO, AUTONOMIA  E CIDADANIA RESPONSÁVEL.  COMO JÁ ACONTECE NO  CASO DE PAGAMENTO DE SALÁRIOS A FAMÍLIA DE  PRESOS, SALÁRIO DESEMPREGO,  BOLSA FAMÍLIA, E TANTOS OUTROS ASSISTENCIALISMOS  QUE BENEFICIAM E INCENTIVAM  A INCOMPETÊNCIA, A SAFADEZA  E O DESCASO COM O  DESENVOLVIMENTO SOCIAL,  MUITO AO CONTRÁRIO, POIS CRIAM UMA POPULAÇÃO  DE ACOMODADOS E  AMULETADOS SOCIAIS;  SEM CONTAR OS CASOS DE CORRUPÇÃO, QUANDO O  DINHEIRO É DESVIADO E  PESSOAS QUE REALMENTE  PRECISAM (POR IDADE  AVANÇADA, DOENÇA  OU ABANDONO) NUNCA  RECEBERAM NENHUM  BENEFÍCIO SOCIAL, APESAR DE TER SEUS NOMES  NESSES PROGRAMAS  DE BOLSAS (ANTIGOS  CURRAIS ELEITORAIS, PATERNALISTAS E  ASSISTENCIALISTAS)  QUE NÃO VISAM O  DESENVOLVIMENTO DE UMA SOCIEDADE DIGNA, MAS  DE UMA MANADA DE ZUMBIS,  QUE VIVEM DE ESMOLAS,  QUE QUANTO PIORES MAIS  SERÃO PREMIADOS. TENHO  UM FILHO DE 13 ANOS QUE  ARRUMA O SEU QUARTO, LAVA A LOUÇA DO CAFÉ  E ALMOÇO, CUIDA DA  ALIMENTAÇÃO E DA HIGIENE  DOS SEUS CACHORROS  E GATO, TEM 2 HORAS  DE ACESSO SUPERVISIONADO  AO COMPUTADOR POR DIA, ESTUDA E TIRA EXCELENTES  NOTAS, POR QUE ISSO É O  QUE VAI DIRECIONÁ-LO PARA SE RESPONSABILIZAR POR  SUAS AÇÕES, TER COMPROMISSO  COM O SEU FUTURO, NÃO RECEBE NENHUM DINHEIRO  POR ISSO, ELE ESTÁ  PERPLEXO COM ESSA  SITUAÇÃO: "MÃE, QUER DIZER QUE OS MENINOS QUE  FAZEM BAGUNÇA NA  SALA DE AULA E NÃO  FAZEM SEUS DEVERES DE CASA É QUE RECEBEM? E  NÓS QUE NOS ESFORÇAMOS  NÃO GANHAMOS NADA?  NOSSA... ELES NÃO VÃO  DAR CONTA DE PAGAR  PRA SALA TODA, PORQUE  SE ISSO ACONTECER,  NINGUÉM MAIS VAI QUERER  ESTUDAR..." 
VAMOS PARA 
O MUNDO 
DO "SE" : SE A
SOCIEDADE
TOMASSE AS RÉDEAS DA 
EDUCAÇÃO, SE A FAMÍLIA 
FOSSE PRESENTE NA VIDA 
DOS SEUS
FILHOS, SE A 
ESCOLA TIVESSE AUTONOMIA, 
SE AS SALAS DE AULA 
TIVESSEM 25 ALUNOS,
SE OS PROFESSORES  TRABALHASSEM APENAS  MEIO PERÍODO EM SALA  E O RESTANTE PARA PREPARAR AULA, CONTINUAR  SEUS ESTUDOS E DAR  REFORÇO,E SE GANHASSEM  DIGNAMENTE POR ISSO,  OS ALUNOS SERIAM MUITO  MELHOR ACOMPANHADOS E,  CERTAMENTE A EDUCAÇÃO SERIA SÉRIA EM NOSSO ESTADO E PAÍS, MAS COM  POLÍTICAS EDUCACIONAIS  MERCENÁRIAS COMO NOSSOS  POLÍTICOS ASSALARIADOS,  ESSA POSSIBILIDADE DE  EDUCAÇÃO PARA  RESPONSABILIDADE FICA  CADA VEZ MAIS UTÓPICA.

MÚSICA COMO ARTE

http://vimeo.com/moogaloop.swf?clip_id=2539741
HOJE NÃO QUIS POLEMIZAR OU QUESTIONAR SOBRE QUALQUER CONCEITO QUE A FILOSOFIA NOS INSTIGA... SOMENTE QUIS OUVIR AS VOZES E INSTRUMENTOS, VER AS IMAGENS E INFORMAÇÕES DE LOCALIZAÇÃO, MESMO SABENDO QUE TUDO ESTÁ CHEIO DE MENSAGENS DE VALORES DE VERDADE, HOJE NÃO PRETENDI BUSCAR NENHUMA VERDADE, SÓ QUIS HUMANAMENTE ME SENSIBILIZAR COM A ARTE... COMO UMA CRIANÇA QUE OBSERVA A BOLHA DE SABÃO QUE SE PERDE NO AR, SEM QUESTIONAR SEUS COMPONENTES QUÍMICOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS AO MEIO AMBIENTE, ENFIM... UM ESFORÇO IMENSO, MAS QUE VALEU A PENA... EXPERIMENTE.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

ÓCIO


TRABALHO DESDE MUITO CEDO... AJUDANDO NA ROÇA... DEPOIS COMO BABÁ... E AINDA COMO DOMÉSTICA... ENFIM A TÃO SONHADA CLT AOS 14 ANOS... SOU ASSIM... SEMPRE ME MANTIVE OCUPADA... E CONSEGUIA LER, ESCREVER, ME APAIXONAR, PRODUZIR, ESTUDAR... E CONTINUAVA TRABALHANDO... NÃO FUI EDUCADA PARA O ÓCIO... TENTO ORGANIZAR MEU TEMPO QUANDO ESTOU TRABALHANDO E... NESSE CAOS... CONSIGO SER MAIS QUE UMA REFÉM DO MERCADO DE TRABALHO QUE, COMO DIZIA MARX, SÓ REPRODUZ SUA MATERIALIDADE COTIDIANA... CRIO MUITO MAIS QUE CAVACOS RETIRADOS DOS ENTALHES DO MEU SUADO COTIDIANO... CRIO UMA VIDA INTEIRA REAL E NÃO...
MAS, SINCERAMENTE... ESTOU EXAUSTA... NÃO DO TRABALHO, POIS ESTOU COM 30 DIAS A MINHA DISPOSIÇÃO PARA LER E PRODUZIR... ME ENCONTRO EXAURIDA EM ME POLICIAR PARA FICAR FOCADA NISSO... É MUITO DIFÍCIL TER DISCIPLINA... NUNCA TIVE PRA NADA... FUI A MAIS CHATA EM TODOS OS NÍVEIS ESCOLARES POR ONDE PASSEI (FALAVA, PERGUNTAVA E PENTELHAVA DEMAIS), ERA AQUELE TIPO QUE HOJE QUEREM ROTULAR COMO HIPERATIVO (O NOVO DISCURSO DO PODER A CONTROLAR NOSSOS CORPOS)...
PROCUREI UMA ROTINA ONDE CAMINHAVA PELA MANHÃ (FÁCIL), TOMAVA MEU BANHO (ATÉ AQUI TUDO OK), LIA 3 HORAS (NEM TANTO), PARAVA PRA PREPARAR O ALMOÇO E ALMOÇAVA E DESCANSAVA UMA HORA ( SEMPRE CUMPRIDO), RELIA E ESCREVIA MAIS 3 HORAS (SOCORRO)... 
COMO MUITOS PLANOS QUE FIZ, TEORICAMENTE TUDO DÁ CERTO, MAS OS IMPREVISTOS SÃO MUITOS QUANDO ESTAMOS EM CASA: ATENDER O TELEFONE E O PORTÃO, ADMIRAR AS ORQUÍDEAS QUE ESTÃO ABRINDO, OBSERVAR O AQUÁRIO, PAUSA PRO TESÃO, PAUSA PRA GELADEIRA, PAUSA PRO BANHEIRO, PAUSA PRO COMPUTADOR, PAUSA PRO CAFÉ, PAUSA PRO CHOCOLATE, PAUSA PRA ESCREVER UMA IDÉIAS QUE VEIO (MAS NÃO TEM RELAÇÃO COM A TESE), PAUSA PRA LEMBRAR DE COISAS QUE ACONTECERAM, PAUSA PRA INVENTAR COISAS QUE QUERIA QUE ACONTECESSE, PAUSA.
DEPOIS DE TODA ESSA MARATONA... 2 SEMANAS JÁ SE PASSARAM... NÃO FIZ NEM METADE DO PROGRAMADO... ME SENTINDO CULPADA, ANSIOSA E ANGUSTIADA. CERTAMENTE SE ESTIVESSE TRABALHANDO TERIA PRODUZIDO MUITO MAIS... COM MAIS ESTÍMULO... MAIS INSPIRAÇÃO... 

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

QUEM SABE: EXPLICA...


José Augusto Mourão (UNL-DCC)EM TORNO DE UM TEXTO TEÓRICO DE
A. RAMOS ROSA
A palavra e o silêncio (a estratégia do signo)
La parole vraie, celle qui signifie, qui rend enfin présente "l´absence de tout bouquet" et délivre le sens captif dans la chose, elle n´est, au regard de l´usage empirique, que silence, puisqu´elle ne va pas jusqu´au nom commun. Merleau-Ponty
O desvendamento e a aletheia. Esta e o logos são uma 
e a mesma coisa. Heidegger
À l´ensemencement de la vague et de l´onde, comme au commencement du monde, est l´écho du tohu-bohu. M. Serres
No princípio não existe o silêncio, não existe a palavra: é o tohu wabohu tehom que é tumulto e vazio, abismo e trevas. A natureza não canta, a noite não se cala. Do começo que o homem forja a sua linguagem. Vitória do homem sobre as coisas, nomeação do real, e a seguir apelo, ex-posição e posicionamento do outro. Daí começou o homem a aprender a conjugar as palavras: combate como o de dois corpos que se procuram, de duas vozes alternadas que se chamam. A palavra tornou-se diálogo. E é então que a palavra ensina o silêncio.
É verdade que o pensamento ocidental não suporta, não suportou nunca o vazio da significação, o não-lugar e o não-valor. Falta-lhe uma tópica e uma económica (1). Ora é daí que Ramos Rosa fala: do vazio, como condição do acontecimento da palavra poética.
"...movimento criador...turbilhonante negatividade, ou seja, ao vazio da criação".
" A palavra nasceu do adensar-se do silêncio, dele e contra ele...".
A palavra é então um animal vivo (ciclo do cavalo), um lugar de combate contra si mesma - do silêncio e contra ele. Encenação de um gesto, um acto (ins-crever) e virtualização do seu objecto: o corpo. A escrita transporta os traços de morte da sua efectuação como um nascituro. Donde o falar-se de "turbilhonante negatividade". Do negativo duma diferença, como diria P. Beauchamp: o escrito, letra estreita e vazia, define-se como o continente que não contém nada (2).
No princípio não existe o silêncio, não existe a palavra. Não, no princípio não era o verbo: o verbo vem onde é esperado. Escreve-se antes de mais através de uma vaga de música, uma vaga de fundo que vem do barulho de fundo, que vem de todo o corpo talvez, e talvez do fundo da alma ou da porta da sala, ou dos últimos amores, portadora do seu ritmo complicado, do seu tempo simples, das suas linhas melódicas, flutuação doce, queda partida. Não se pode apertar a sua pena sem que isso, que não tem verbo ainda, voe. No começo é o canto (3). O que quer também dizer que não se entra no mundo da significância senão através da escuta dessa "turbilhonante negatividade". Significar é obedecer (de ob-audire ). O funcionamento da escrita ilumina simultaneamente a relação nocturna do espírito com o invisível: o vazio é uma plenitude porque o múltiplo ilude o desejo, escapa e é substituído por uma totalidade que promete o repouso (4) e com o visível, a concreção duma forma: Esta escrita dita "representativa" pareceu-me pertencer não à criação dum pensamento, mas à de um acto, de um trabalho realizado por um gesto da mão. Este gesto permite não dissolver, cair no estupor ou na loucura, criar uma actividade de representação e estabelecer um espaço em que, por pouco que seja, "eu" pode acontecer. Trata-se portanto do recurso a um movimento do corpo, que "faz entrar" no psíquico, ou ainda da impressão, de um traço graças ao qual se inscreve num objecto terceiro, (uma superfície), uma representação (5).
No começo, a tábua rasa é o momento em que somos confrontados com uma textura de vida, com um texto: nesse momento, um princípio organiza o impacte daquilo que me acontece, daquilo que se me oferece ou me acontece. Um princípio organiza o ompacte daquilo que me acontece sobre aquilo que recebi de conhecimento por herança. É isso o trabalho do originário. Liberta-nos do fascínio do original, do fascínio da "cena primitiva", dessa tentação sempre prestes a enganar-nos de procurar naquilo que se passou antes a explicação daquilo que agora é. Estudar e escrutar os actos do passado é descobrir sabedorias antigas em que se praticou já o trabalho do originário. São essas sabedorias que nos salvam dos tradicionalismos em voga.
É este vazio da repetição que, segundo Lévy-Strauss significa a significação (6). A repetição pois, como princípio da significação, de que testemunha a rima, a paronomase, a aliteração, etc., justificam o princípio deste texto, entendido como um jogo de significantes que se se cor-respondem. Bloco é uma matriz vazia de onde partem as várias moidelizações e derivações textuais. Forma totalmente vazia (de mensagem), esse primeiro significante poré,, não produz significância senão percorrendo, em zig-zag, é certo, os graus obrigatórios da mimese. A paranomase é um dos jogos de palavras que, operando com a obliquidade, dela extrai a variação significante da própria mimese. Dessa semiose introversiva resultam sentidos não pre-vistos nem sabidos antes, deslocados do sentido, que é a informação fornecida pelo texto ao nível mimético. O uso da paronomase, seja ela fónica ou paradigmática ("bloco, dizia, onde ecoa o eco da defrontação"; "ânsia, opressão, estacada pressa") sustenta-se "de uma lógica que abre para semelhanças e onde, na ruptura aberta pela sua conjunção nada se representa que pudesse passar por um significante" (7).
As palavras como que se chamam umas às outras, repetindo-se, através de afinidades fónicas, semânticas, sintagmáticas sem fim, referidas exclusivamente ao próprio movimento de "rotação dos signos" e ao turbilhão que os aspira. Neste movimento sem fim que leva o texto à deriva, à significância, lê-se, em filigrana, o desespero da cadeia significante que não consegue sedimentar no vazio, é o apelo de novo e em compromisso com a sobredeterminação mimética. Trabalho poético de motivação dos signos, é luta contra o acaso e contra a limitação do arbitrário.
Tirar do esquecimento ( aletheia ), da obscuridade, do silêncio e logo da inexistência as palavras, é isso criar, dar o ser: o logos coloca-se diante da preença e depõe, quer dizer, re-pousa, a coisa presente na presença. (...) Na medida em que o logos deixa estendido diante, como tal, aquilo que se estende-diante, desvela a coisa presente na sua presença. Ora, o desvendamento é aaletheia. Esta e o logos são uma e mesma coisa (8).
Só que na perspectiva de Ramos Rosa ou dos teóricos modernos da literatura, este processo de desvendamento das coisas (criação) deixou de ter uma origem religiosa (o homem é a medida de todas as coisas - Protágoras). Não encontramos aqui a posição mística que é a de saber se se pode nascer da palavra de um Outro: o poema é o que responde a esta questão. Ramos Rosa segue neste seu passo a teoria heideggeriana do "es gibt" (na dupla significação de "existe" e "isto dá"): onde há poema há palavra e isso dá a palavra. A poesia não nasce, gera. Ela é começo, alteridade que se coloca com uma tal necessidade que funda nomeando, sem que nada de exterior a ela a confirme ou autoriza. O poema é uma palavra dada ao homem. Escutando-a, podem-se tirar sentidos diversos, significações múltiplas, mas isso começa por um significante fundador que é o poema: Não há que procurar coisas espirituais, só há estruturas do vazio (9).
Que o texto é um conflito, di-lo de vários modos Ramos Rosa: "defrontação com a brancura da página", "ânsia", "opressão", "violência", como o dissera já Meschonnic: Um texto é um conflito, porque a linguagem (veicular, descontínua) é relação, distância (sempre já começada, mesmo no pictograma, do referente com o signo) e que a escrita é relação com esta relação, distância relativamente a esta distância, para reencontrar a participação com o mundo. Mesmo se este movimento é apenas um texto dentro da intertextualidade, é movimento para um referente através de um significante: em Raymond Russel , ou o H em "Les Travailleurs de la mer". Mas como a escrita é inteiramente interior à própria linguagem, vive de ser uma contradição e que é contradição também para uma posição crítica, instrumentos conceptuais: a forma-sentido, o espaço para-gramático .
O que este conflito denuncia é concretamente o trabalho de formalização de figurabilidade que começa com a negatividade: a simbolicidade é apenas o Ser-simbólico do Simbólico: ela é simultaneamente o começo e o fim da simbolização que nunca acaba e necessita sempre da lei, isto é uma negação como determinação, a negação por excelência: "Não matarás" (10).
Mas, se a negação for, como pretende Chomsky, por exemplo, apenas uma das muitas possíveis transformações de superfície? O Trabalho sobre a estrutura de profundidade da linguagem é "tautológico, simples, separado e repetitivo"? Des-dita, forma de ausência, criação da ausência pela não-afirmação, e por isso mesmo lugar do múltiplo. Lugar da rarefacção do dito (enunciado) da língua, da aparição do dizer (enunciação), vazio criador do possível narrativo: "Entre a indeterminação da possibilidade e a vertigem dela"?
Da lacuna, lugar vago, vazio, se desenha o horizonte da expectativa do leitor, contrariando a conexão ordinária que ele está habituado a estabelecer com as coisas e o mundo. Trabalho de negação também - produção de espaços vazios estimulantes de criação. Entre a palavra e o silêncio, uma poesia concreta? (11) Algo como o trabalho do sonho, composto por condensações e deslocações. A condensação não é uma compressão que seria o modelo reduzido ou a projecção ponto por ponto do pensamento do sonho, mas uma condensação por omissão, uma restituição essencialmente lacunar. Manifesta-se no descentramento do sonho, sobretudo em relação à palavra essencial, como a palavra "botânico", no sonho da monografia botânica: o que opera é a trasnferência das intensidades psíquicas dos diferentes elementos do sonho e a sua deslocação: aquilo que mais fala é a letra do discurso.
A estratégia do signo (representação, na tradição logocêntrica ocidental) consiste em instaurar-se como presença de uma ausência.
A escrita desmascara esta estratégia, a operação negadora dos signos, negando-a (representando-a). Efectivamente, a escrita é representação de representação, quer dizer desconstrução activa do signo no que ele tem de ilusão representativa: instaurar-se como presença de uma ausência, significante de um significado. Através desta operação, o signo torna-se apenas em traço significante de um significante. A escrita é entaão um combate contra a ilusão da linguagem: toda a imagem representada no seu papel de imagem (de ídolo), quer dizer, na sua inadequação mais fundamental: Mas o discurso que significa também o impossível do empreendimento linguístico - não é aquilo a que se chama uma escrita (12).
Representar uma forma, encontrar a palavra que nomeia as coisas e afasta delas, é essencialmente uma operação de (de)limitação, logo de ordenação do caos. Astucioso princípio de mimese: a significância imprime-se, exprime-se obliquamente á língua, sempre ameaçada pelo regresso ao sentido: Se a hipótese dum caos primeiro não se deve reter, como não se deve reter a hipótese de uma harmonia preestabelecida, sendo um e outro assintóticos e teóricos, não é menos verdade que o caos e a harmonia constituem dois modos limite de existência para os quais é possível tender (13).
Parece, pois determinante para a sobrevivência psíquica do sujeito esta arrumação do caos, um mínimo de chão a que agarrar-se. A inscrição de uma forma, traça e marca uma diferença que lhe permite resistir à fragmentação insuportável e à morte.
O estilo exprime o protesto, a vinganç, a permanância do Eu ideal confrontado com os constrangimentos que o superego tenta impor ao Eu: O estilo funciona em relação à escrita como a figuração simbólica em relação ao sonho: permite contornar as duas censuras (...) realizar o desejo, inscrever no texto os vividos corporais. Determinadas figuras de estilo retiram a sua força das suas referências a sensações ou a uma simbólica corporal (14).
O estilo reintroduz a mensagem simbólica na língua convencional, através das ténicas que esta fornece. Não admira que os estilistas e os teóricos do estruturalismo da linguística tenham caracterizado a mensagem através da metáfora e da metonímia, que correspondem ma língua convencional à semelhança e à contiguidade, fundamentais na expressão simbólica. O poder do estilo reside naquilo a que D. Anzieu chama a ilusão simbólica. A criança que em cada adulto dorme, aceita mal, depois de ter crescido e ter aprendido a falar segundo o código da linguagem materna, o arbitrário que liga o significado ao significante, conservando a nostalgia dos sistemas de comunicação infra-linguísticos e da relação simbólica entre os signos e os seus referentes. A ilusão simbólica é o sonho de uma língua em que a palavra se assemelhe à coisa ou seja parte constitutiva dela.

>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>A noção de autonomia

(1) J. Baudrillard , L´échange symbolique et la mort . Paris, Gallimard, 1970, p. 337.

(2) Paul Beauchamp. L'Un et l'Autre Testament . Paris, Seuil, 1976, p. 192.

(3) Michel Seres, Genèse, Paris, Grasset/Fasquelle, 1982, p. 221.

(4) P. Beaucahmp, op. cit. , p. 151.

(5) M. Enriquez, "L'indicible et l'écriture", Topique. Revue Freudienne , 21, 1978, p. 53.

(6) Lévy- Strauss, Le cru et le cuit - Mythologiques, Paris, Plon, T. I, 1964, p. 46.

(7) P. Marie, J. M. Prieur, "Freudaineries" in Folle verité. Verité et vraisemblance du texte psychotique, Paris, Seuil, 1978, p. 86.

(8) M. Heidegger, Logos", in Essais et Conférences , Paris, 1968, p. 267.

(9) Michel de Certeau, "La folie de la vision", in Esprit , Junho 1982, p.99.

(10) Krémer-Marietti, op. cit., p. 218.

(11) Ana Hatherly, "Notas para uma teoria do silêncio como negação", inJornal de Letras , nº 10, p. 12.

(12) Julia Kristeva, in Folle verité, op. cit., p. 119.

(13) M. Enriquez, art. cit., p. 53.

(14) Didier Anzieu, "Les traces du corps dans l´écriture", in D. Anzieu et al., Psychanalyse et langage, pp. 181-184. Cf. Ella Sharp, "Mécanismes du rêve et procédés poétiques", 1937, trad. franc. Nouvelle Revue de Psychanalyse , nº 5, 1972, pp. 101-114. 

domingo, 8 de agosto de 2010

Um dia de domingo


Estou caminhando matutinamente com meus cachorros, isso tem feito muito bem a nós três... saúde, disposição, pés de amora pelo caminho,  respiração, pele, ideias, paz, energia... poderia aqui alencar muitos motivos que tem me convencido a continuar... hoje descobri mais um... descobri que não caminho solitária... outros olhares acompanham o meu caminho... olhares curiosos, arteiros e... corajosos... que tiveram o impulso de aproximar-se e trocar algumas palavras...
- Olá...
- Olá - respondi.
- Você é muito bonita e...
- E... casada - continuei.
Ele ficou desconcertado mas continuou...
- Seu marido é um homem de sorte.
- Obrigada pela gentileza, tchau. - Encerrei a conversa com um sorriso e segui meu trajeto.
- Não posso saber o seu nome? - Ele quis esticar o contato...
Balancei a cabeça negativamente, pois não acredito na amizade entre sexos opostos, principalmente quando nós baixamos a guarda, conhecemos e deixamos ser conhecidos pela outra pessoa a ponto de desenvolver uma admiração, pois só consigo me apaixonar por alguém que admiro, por isso crio barreiras que os assustam e não deixo que se aproximem, no máximo em coleguismo artificial, e olhe lá, caso contrário as pessoas vão se envolvendo com as angústias das outras, desabafando as suas e, quando menos se espera, o envolvimento ultrapassou a barreira de segurança... atropelou os corredores... magoou os espectadores e... ninguém consegue ultrapassar a linha de chegada... todos ficam com o gostinho de medalha entalado no pescoço...  - isso me lembra o cachorro Mutley, que recebia a promessa de medalha do Dick Vigarista, mas nunca recebia (essa é outra história); - voltando ao episódio de hoje... posso pensar em várias coisas...
- Como é bom ainda ser admirada... mesmo carregando quase quarenta anos e dois cachorros...
- Como as pessoas estão carentes... em se satisfazer com pequenas cantadas ou oferecê-las... 
- Como eu mudei... e me mantive com a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo...
Enfim...
Uma hora e quarenta minutos de caminhada, um banho, um enorme copo de água e um vestido fresco para a maratona do dia dos pais... churrasco em família.

O CAFÉ

A PENSÃO AMANHECIA SEMPRE AOS GRITOS, RANGENDO SUAS PORTAS E JANELAS, ARRASTANDO SEUS PÉS, PELO LONGO CORREDOR EM ASSOALHO DE MADEIRA GASTA, COMO TAMBÉM COM O TROPÉ DE CADEIRAS, NA APERTADA COZINHA, PARA O CAFÉ... O CHEIRO VINHA FORTE DA COZINHA... E CONTRASTAVA COM O ODOR ÁCIDO QUE VINHA DO LADO OPOSTO DO CORREDOR, O BANHEIRO COLETIVO ESTAVA CONCORRIDO E LAMACENTO...
NA COZINHA, A SENHORIA COM SEU AVENTAL AMARROTADO, FAZIA QUESTÃO, COM SUA DENTADURA SORRIDENTE, DE SERVIR CAFÉ A TODOS PARA CERTIFICAR-SE QUE NINGUÉM FICARIA NOS QUARTOS, OU SAÍSSE SEM PAGAR A NOITE... ERA UM RITUAL DE "SAI FORA" PRA TODOS QUE DEVERIAM PARTIR PARA SEUS BICOS OU VIA SACRA DE PROCURA DE EMPREGO, VENDEDORES AMBULANTES, VIAJANTES, MASCATES, MALANDROS DA SOBREVIVÊNCIA, VOLTAVAM A NOITE EXAUSTOS, ALGUNS BÊBADOS E OUTROS COM ALGUM TROCADO... EMPREGO... NEM SEMPRE ACHAVAM... MESMO SE PORVENTURA QUISESSEM... E... CERTAMENTE A MAIORIA NÃO QUERIA...
PENSÕES SÃO LUGARES QUE ATRAEM RATOS, GATOS EMPESTEADOS E CACHORROS SARNENTOS, QUE SE CONFUNDIAM COM AS PESSOAS DE MESMO TEMPERAMENTO... MAS O LUGAR ERA LIMPO, PELO MENOS AQUELE QUARTO ERA, SÓ HAVIAM QUARTOS PARA SOLTEIROS, COM CAMAS DE SOLTEIRO OU BELICHES, ENTÃO, JUNTARAM DUAS CAMAS E FIZERAM A SUA CAMA DE CASAL... O PEQUENO QUARTO AINDA TINHA UMA MESINHA COM DOIS BANCOS, ENTUPETADA DE LIVROS E PAPÉIS, UMA CÔMODA COM QUATRO GAVETAS QUE  EM CIMA TINHA UM VELHO ABAJUR E UM AQUÁRIO COM UM PEQUENO PEIXE SOLITÁRIO, CARNÍVORO... NO CHÃO UM VELHO BAÚ COM AS VITAMINAS DA NOSSA MEMÓRIA... DOIS PARES DE SAPATO SE ENTRECRUZAVAM ATRÁS DA PORTA... NÃO TINHAM CONFORTO, NEM PRIVACIDADE, NEM CONDIÇÕES DE IR PARA UM LOGAR MELHOR... ALI ERA SÓ UM LUGAR PARA ENCOSTAR...
HOJE ELA ESTAVA PARTICULARMENTE DEPRIMIDA, PODIA ESTAR GRÁVIDA, QUE DESGRAÇA ISSO SERIA, VIVENDO DE BICOS E MIGALHAS, SEM UM NORTE, UM INDEFINIÇÃO QUE NÃO CONDIZIA COM PRENHEZ. QUANDO ELE ABRIU A PORTA DO QUARTO APENAS COM UMA XÍCARA NA MÃO, ELA PERGUNTOU...
- É meu café?
ELE A OLHOU DE SOSLAIO, COM DESDEM E, AOS BERROS, RESPONDEU...
- Não, cada um que sustente o seu vício! Você também tem pernas! Se vire...
ABORRECIDA E DECEPCIONADA, RESPONDEU AOS SUSSURROS...
- Mas eu pedi que trouxesse meu café, não estou bem, você sempre fez gentilezas...
ELA ESTRANHOU, POIS ELE SEMPRE CUIDAVA TANTO DELA, E PARECIA AGORA QUE ELE NÃO ESTAVA NEM AÍ PROS SEUS SENTIMENTOS, ELA SABIA QUE ELE ADORAVA ESSA SENSAÇÃO DE FRUSTRAÇÃO QUE CAUSAVA NAS PESSOAS, COMO NÃO QUERENDO QUE NINGUÉM ESPERASSE DELE, TALVEZ POR ACREDITAR QUE NÃO TINHA NADA A OFERECER... MAS COM ELA ERA A PRIMEIRA VEZ... AINDA EM PÚBLICO... PARA OS OUTRO PENSIONISTAS OUVIREM... EXPONDO-A AOS ANIMAIS PESTILENTOS QUE RODEAVAM SEU QUARTO... E ERAM MUITOS...
- Te deixei mal acostumada, ficou mimada e folgada... estou cheio dessas suas frescuras...
- Feche a porta, não quero que ouçam mais suas grosserias... quer se aparecer... que todos pensem que você da as cartas, que morro por você, que não me respeito, que me sujeito a tudo para estar aqui... tripudiar sobre a minha tristeza???... cansou?...
- Eu quero que você e todo mundo se foda!
- Ainda está de ressaca e...
- Estou de ressaca desde o maldito dia que te conheci...
- O que aconteceu? O vinho estava estragado? A trepada não foi a contento? Encontrou alguma vagabunda no corredor melhor que eu???
- Nossa, a fada está ficando nervosinha... NÃO... O que não aguento mais é esse chiqueiro... você... (RESPIROU FUNDO) você me dá azar... desde que te servi o primeiro café... desde que resolvi na minha bosta de cabeça que você era diferente... que merda... não me olhe assim...
- Eu nunca te disse que era diferente, nunca te disse que seria fácil, nunca ...
- Olhe a sua volta, vê alguma dignidade, vê algum sentido em nossas escolhas?
- Mas não fui eu quem escolhi esse muquifo, você já morava aqui... então?
- Então?... Então... não tem mais café na mão...
- É a única gentileza que me fazia sem intenção...
- Quem te disse?
- E não é? Era?
- NÃO...
- O que ganhava com isso...
- Saber que você estaria esperando por isso, que alguém me espera para alguma coisa, que alguém tão doce como você acredita que tenho algo pra te oferecer...
- E estive esperando sempre...
- Mas não vai ter mais...
- Por quê?
- Porque isso não leva a nada... eu não sou assim... não quero ser idiota assim... isso é tudo o que eu não sou.
- A solterona sem filhos do 42 deve estar amando essa nossa conversa.
- Você e seu ciuminho idiota dessas vacas... 
- Não é ciúmes, só não quero que fiquem rindo de mim e rodeando você como moscas na merda...
- Até isso já foi charmoso ... agora acho ridículo... cadê a garota que se achava a tal?...
- Cadê o garoto que me achava a tal?...
- Nunca te achei a tal.
- Não estou bem... acho que é o rim...
- Novidade... não se cuida... já tomou água hoje?
- Não tomei nem café ainda... (RISOS)
- Não dá pra falar sério contigo...
JUNTOU ALGUMAS COISAS NUMA MALA VELHA, UM POUCO MAIS DA METADE DA MUDANÇA DO QUARTO... ELA FICOU OLHANDO NUM CANTO DA SUA PARTE DA CAMA, ATADA AO LENÇOL AMARELO, SUA ALMA ESTAVA APAVORADA E SEUS OLHOS SECOS... ELE FECHOU A MALA, JOGOU O PAGAMENTO DA PENSÃO SOBRE A MESA, UM DINHEIRO AMARROTADO, NÃO CONSEGUIA OLHAR EM SEUS OLHOS, ERAM ABISMOS DOS QUAIS ELE NÃO CONSEGUIRIA RETORNAR.... ELA NÃO DISSE MAIS NENHUMA PALAVRA... SEM SÚPLICAS... ELE SAIU ARRASTANDO SEUS PERTENCES SOB OS OLHARES E COCHICHOS CURIOSOS DOS OUTROS INQUILINOS, ELA ESTAVA CONFUSA, QUERIA GRITAR, QUERIA CORRER ATRÁS E SEGURÁ-LO... FOI AOS POUCOS SOLUÇANDO E SOLTANDO PELOS OLHOS A SUA SAUDADE...SABIA QUE ELE NÃO VOLTARIA MAIS, SABIA QUE NÃO TERIA CHANCE DE FALAR-LHE SOBRE A POSSIBILIDADE DE UMA CRIANÇA... TERIA QUE TOMAR OUTRO RUMO... ESCREVER OUTRAS HISTÓRIAS... COMPARTILHAR OUTRAS COINCIDÊNCIAS... SEM O GOSTO DE CAFÉ NA BOCA... ADORMECEU ENTRE O LENÇOL USADO NA NOITE ANTERIOR E AS LÁGRIMAS DE UMA MANHÃ QUE PODERIA NÃO TER AMANHECIDO... CADÊ O SOL?