sábado, 28 de janeiro de 2012

Relações por um fio XXXVIII


Moço,
Bacon era um artista e filósofo muito crítico, seu texto é compatível com a fúria dele... é uma sensibilidade cortante... me dói eu devolvo... um tapa... uma mordida... um rasgar de máscaras... não quero frases bonitas quero ações concretas.
Assim vou acabar me apaixonando... mais!!!
Moça.

Relações por um fio XXXVII

Moço,
As músicas de Alcione estão entre as minhas favoritas...
Não me lembro se ja tomei porre de rum, mas o meu primeiro porre foi de caipirinha... por que a gente fica com tesão quando está de porre???? Eu fico!
O poema é o de sempre... muito vocabulário e criatividade... vamos ficar ricos com essa literatura de qualidade... eu disse vamos??? estou começando a ficar muito íntima, não acha?
Aqui alternam-se dias muito quentes, chuvas no final da tarde, noites frescas.... muita saudade e curiosidade para o nosso próximo encontro...
O BuK me dá uma mistura de tesão, nojo, asco, pena e raiva... isso é dele, já terminei e li silenciosamente, escondendo ele no final.
Estou terminando o Eco e ele diz num trecho que a distância no amor tem dois caminhos: se ele é grande aumenta e se é pequeno desaparece... será um teste de sobrevivência.
Saudades
Sua boca... língua.
Moça

Relações por um fio XXXVI

Moço,
O Egon (intimidade) é realmente fantástico, na minha agenda pessoal tenho todas as obras dele...
Tenho lido bastante e escrito também.
Acho que preciso caminhar mais, estou a muito tempo sem essa substância viciosa e calmante...
Os parentes vai bem, cada vez mais hipocondríacos... manias da idade.
É claro que vou querer ler esse livro... o título me assustou... quantas coinscidências...
Pare de penalizar-se por erros gráficos ou temporais... os erros de carater é que realmente me preocupam... esses você AINDA (RS) não me apresentou... beijos.
Moça.

Relações por um fio XXXIV

Moça,
Slides das três perguntas (Quero? Posso? devo?)... loucos e santos e tantos outros... para mostrar o quanto vejo você nas coisas que vivo... respiro você em tudo!!!

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que “normalidade” é uma ilusão imbecil e estéril.
Oscar Wilde

(Eram falsas suas poesias, suas crônicas, suas flores pelo caminho, sua carta de baralho, suas músicas, olhares, tudo falso, falsas as gentilezas, os cafés, os bilhetes no armário, falsas preocupações comigo ou com os meus, falso os desejos, falsas as saudades e indignição... tão falsos como os meus sonhos continuam sendo)

Relações por um fio XXXIII

Moça,

Nunca estive desnorteado assim. Que bomba de hidrogênio foi essa que caiu sobre a gente, que nos jogamos? Estou/estamos precisando pôr a cabeça no lugar e fazer isso aqui em casa está complicado. Vou passar uns dias, uma semana talvez na casa de um amigos. Depois de certos acontecimentos de ontem, vai ser bom uns dias longe.
Vou amanhã bem cedo, nem vou pra rodoviária, vou pra estrada com minha mochila. Há uns dez, doze anos eu pegava carona pra lá, acho que ainda consigo, não tenho pressa nem hora marcada pra chegar, mesmo.
Eu tenho uma reserva de uns três ou quatro amigos que sempre me socorrem nessas horas, e eu a eles. Vou me valer deles agora. Dessa maneira, os contatos vão escassear, mas também darei um jeito de mandar um ou outro recado.
Por enquanto, fique com mais esse:


SEM  BAILES
Cansaço.
Cansaço, minha fada.
Minha risada alada se estabacou:
Perdeu as penas ao sol da vida.
Foi-se ao monturo,
Ao bucho dos urubus, meu ouro.
Suicida, meu raro viço.
Meu pouco verde se cariou.
E é duro, minha fada
Ver inteiro, ileso, zombeteiro,
O muro que passei vida inteira a marretar.
Triste, na velhice, minha fada, constatar
Que muros para cair não foram arquitetados:
Biombos de opostos,
Para serem transpostos foram alocados.
Escalados, pulados por saltos de gafanhoto,
Pulos de ar rarefeito, de astronauta.
E por que, minha fada, só agora que a força me falta
Me apercebi disso? Por que agora?
Quando minhas pernas varicosas jogam damas na praça e choram?

Fadiga.
Fadiga pura, minha fada.
Meu rosto de falsa juventude, meu retrato de Dorian Gray,
Se mumificou.
Protuberou-se a barriga,
Em chumbo, transmutou-se a libido
De lança em riste, triste fez-se o pau em pendão caído.
Arrebentaram-se as amarras, os cabos de aço do tempo.
Ao esgoto, fazer piquenique com as bactérias,
Foi-se tudo, minha fada...
Foi-se tudo ao esgotamento.
E é pesado, minha fada,
Ver meu inexistente legado,
Minhas profundezas sem ruínas, sem vestígios de civilização.
É muito fado, minha fada,
Meu nada florescido,
Meu ipê amarelo sem nem a semente ter rompido.
Ver meu tudo enferrujado, meu tudo carcomido.

Cadê você, minha fada?
Sua promessa promissora ao meu nascimento?
Cadê seu condão, seu pó de pirlimpimpim,
Suas carruagens de abóboras?
Só tive as suas meias-noites em fuga,
Que sempre badalavam antes de seus bailes.
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saudades.
Moço.

Relações por um fio XXXII

ESCUTE. SIMPLESMENTE!!!!!
(como chorei,tão longe, ouvindo essa música, não tirava ela da cabeça a viagem toda)
Sonho "Real" rs

Relações por um fio XXXI

Moça,
são mais de três horas da manhã do primeiro dia do ano e tudo desabou em minha cabeça. 
Na verdade, desabou já há algum tempo, mas fiz de tudo pra segurar, mas hoje revelaram-se fatos que botaram de vez a casa abaixo.
Mais uma coincidência? Lei irrefutável da Física: dois corpos não podem ocupar mesmo lugar ao mesmo tempo?
Não sei, Moça. Não sei. Só sei que não paro de pensar em você.
Beijos,
Moço.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Relações por um Fio XXX

Moça,
essa 'apresentação' é um protesto individual contra esses e-mails com mensagens natalinas e de ano novo que recebemos aos montes, todas no estilo auto-ajuda.
Com meus parcos e porcos conhecimentos do PowerPoint não consegui criar uma apresentação que abra automaticamente. Assim que baixar o arquivo, ela abrirá no PowerPoint. Basta, então, apertar a tecla F5 ou ir até a barra de ferramentas em 'exibir' e 'apresentação de slides'. Daí pra frente, é só ir clicando com o mouse. O texto é meu, as imagens são de Francis Bacon.
Como estão as coisas por aí?
Saudades...
Moço.
PONTO
DE
EBULIÇÃO
Caminho penosamente,
Minhas panturrilhas rangem.
Passadas de, outrora, léguas
Nem meio metro mais abrangem,
O sol me prega no pavimento mal asfaltado.
Perco carnes e peso,
Sou cada vez menos leve.
Gradativamente a cabeça é maior fardo,
A cada dia mais inconsistente
A vida se pinta,
Em lábios de solo rachado de açude seco,
Em caras de cal extinta.
Atolo na multidão,
Suas vozes emplastam em mim
Como suor meloso que não arreda.
Quero explodir,
Criar clareira atômica em meu redor:
E não consigo.
Não respiro.
Arfo.
Inspiro amoladas facas,
Expiro perfurantes garfos,

O ar só traz debilidade
E más notícias
E menos,
Cada vez menos,
Suporto as pessoas.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Relações por um Fio XXIX

Influências dos quadrinhos???? Moça, esse também é um dos que mais gostei de ter feito.
        

       O  POEMA  DA  DESEJADA  INVISIBILIDADE


                Estão, o Coisa e a Mulher Invisível, na mesa de um bar.
                Totalmente porrados, hálitos rançosos,
                Copos rançosos de digitais e labiais, luz de 25 W,
                Paredes lacrimejantes de mofo;
                Porrados, deprimidos da vida,
                Melhor: deprimidos de vida.
                Estão numa mesa de bar, o Coisa e a Mulher Invisível.

                O Coisa: “Tá lá, porra, no dicionário Marvel, que eu dou conta de 75 toneladas".                 
                Pausa, lenta pausa, para um gole, grande gole, de ambos.

                Continua, o Coisa: “Mas, vez em quando, quase sempre ultimamente,
                                            fica tudo tão pesado que eu arreio, com as 4 patas,
                                           desmonto, mesmo”.

               Outra pausa, para um bater de cinzas do charuto no cinzeiro;
                Volutas de fumo rodopiam, abraçam e dançam com a face paciente
                Tolerante, resignada, da Mulher Invisível.

                Ainda, o Coisa: “Sabe, às vezes, tenho vontade de sumir”.
                A Mulher Invisível: “Esquece! Bobagem... sumir também não adianta!”.

                (A cena se fecha num superclose, num fantasticzoom
                do cruzar de dois fastientos olhares, basáltico e etéreo-vaporoso.
                A cena se fecha num superclose, num fantasticzoom
                do escapar, do vazar, do erodir de duas distintas lágrimas:
                de obsidiana, uma, capaz de riscar o quartzo,
                de cristal corrediço, a outra, com igual índice de refração do ar.)
 Moço.
 (Seu desejo se realizou, agora conhece uma mulher invisível: eu)