terça-feira, 28 de julho de 2009

ABRAÇO



Dormi pensando na promessa do abraço... platônico.
Ele viria inevitavelmente, independente de testemunhas... pragmático.
Viria forte e desejoso... Eros pervertido.
Seria algo esperado por dias... maldito Cronos.
Abraços, nos braços transpostos, cruzados.
Sentiria sua pele, seu peito, batimento, temperatura...
Seu cheiro, meu cheiro, o aperto...
Vim durante o caminho dirigindo e abraçando
... os olhos adiantavam o roteiro da viajem...
já abraçando os olhos que aqui esperavam...
Sinais abriam e fechavam...
Trânsito fluia embaraçado
Ao chegar, de soslaio, cruzei com seu vulto embaçado nas escadas
Portão aberto, trânsito sartreano
No fluxo heracletiano
Carro parado, estacionado, desligado
Chave na mão
Bolso no ombro a mostra
abrir a porta
Outros desencontros, outros desabraços...
Levantou e me abraçou, desajeitado e ansioso
Tão esperado e tão rápido, cercado de olhares e corpos mortos
Intenso e tão rápido, me vesti para o ato calculado
Abraço, despido de medo
Heróico e curto em seus longos braços.

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