terça-feira, 29 de setembro de 2009

Gott is tot


"Deus está morto ("Gott ist tot" em alemão) é uma frase muito citada do filósofo Friedrich Nietzsche (1844-1900). Aparece pela primeira vez em A gaia ciência, na seção 108 (Novas lutas), na seção 125 (O louco) e uma terceira vez na secção 343 (Sentido da nossa alegria). Uma outra instância da frase, e a principal responsável pela sua popularidade, aparece na principal obra de Nietzsche, Assim falava Zaratustra.

'Deus está morto! Deus permanece morto! E quem o matou fomos nós! Como haveremos de nos consolar, nós os algozes dos algozes? O que o mundo possuiu, até agora, de mais sagrado e mais poderoso sucumbiu exangue aos golpes das nossas lâminas. Quem nos limpará desse sangue? Qual a água que nos lavará? Que solenidades de desagravo, que jogos sagrados haveremos de inventar? A grandiosidade deste acto não será demasiada para nós? Não teremos de nos tornar nós próprios deuses, para parecermos apenas dignos dele? Nunca existiu acto mais grandioso, e, quem quer que nasça depois de nós, passará a fazer parte, mercê deste acto, de uma história superior a toda a história até hoje! — NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia Ciência, §125.' "


" 'Deus está morto' é, segundo os estudiosos, uma das frases mais mal interpretadas de toda a filosofia. Entendê-la literalmente, como se Deus pudesse estar fisicamente morto, ou como se fosse uma referência à morte de Jesus Cristo na cruz, ou ainda como uma simples declaração de ateísmo são idéias oriundas de uma análise descontextualizada da frase, que se acha profundamente enraizada na obra nietzscheana. O dito anuncia o fim dos fundamentos transcendentais da existência, de Deus como justificativa e fonte de valoração para o mundo, tanto na civilização quanto na vida das pessoas - segundo o filósofo, mesmo que estas não o queiram admitir. Nietzsche não se coloca como o assassino de Deus, como o tom provocador pode dar a entender: o filósofo enfatiza um acontecimento cultural, e diz 'fomos nós que o matamos'.


A frase não é nem uma exaltação nem uma lamentação, mas 
uma constatação a partir da qual Nietzsche traçará o seu projeto filosófico de superar Deus e as dicotomias assentes em preconceitos metafísicos que julgam o nosso mundo - na opinião do filósofo - a partir de um outro mundo superior e além deste. A morte de Deus metaforiza o fato de os homens não mais serem capazes de crer numa ordenação cósmica transcendente, o que os levaria a uma rejeição dos valores absolutos e à descrença em quaisquer valores. Isso conduziria ao niilismo, que Nietzsche considerava um sintoma de decadência associada ao fato de ainda mantermos uma 'sombra', um trono vazio, um lugar reservado ao princípio transcendente agora destruído, que não podemos voltar a ocupar. Para isso ele procurou, com o seu projecto da 'transmutação dos valores', reformular os fundamentos dos valores humanos em bases mais profundas do que os ídolos do cristianismo.


Segundo ele, quando o cheiro do cadáver se tornasse inegável, o relativismo, a negação de qualquer valoração, tomaria conta da cultura. Seria tarefa dos verdadeiros filósofos estabelecer novos valores em bases naturais e iminentes, evitando que isso aconteça. Assim, a morte de Deus abriria caminho para novas possibilidades humanas. Os homens, não mais procurando vislumbrar uma realidade sobrenatural, poderiam começar a reconhecer o valor deste mundo. Assumir a morte de Deus seria livrar-se dos pesados ídolos do passado e assumir sua liberdade, tornando-nos eles mesmos deuses. Esse mar aberto de possibilidades seria uma tal responsabilidade que, acreditava Nietzsche, muitos não estariam dispostos a enfrentá-lo. A maioria continuaria a necessitar de regras e de autoridades dizendo o que fazer, como julgar e como ler o mundo."

Isto tudo para quem interpreta hoje as palavras do filósofo. Se eu fosse simplista, poderia dizer que Nietzshe formou-se cedo demais (aproximadamente 20 anos) trabalhou por pouquíssimo tempo (a doença veio à baila) e assim, doente, amando uma mulher que não podia ter, sendo vigiado pela mãe e depois pela irmã, vendendo livro nenhum, rejeitado pelo músico ídolo: Wagner, já não acreditava em um Deus vivo, que pudesse auxiliá-lo em seus muitos momentos difíceis.


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Letras de músicas | Letras de músicas de Impaled Nazarene | Letra da música Gott Ist Tot">http://lyricskeeper.com.br/pt/impaled-nazarene/index.html">Letras de músicas de Impaled Nazarene | Letra da música Gott Ist Tot

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Mulheres Filósofas

Segue alguns dados de mulheres na filosofia... algo tão raro e pouco divulgado pela sociedade patriarcal, machista e branca de nossa desgraçada sociedade ocidental, criadoras de fraquezas apolíneas em detrimento da superação dionisíaca...



Antiguidade(Séc. VII - IV)

Safo de Lesbos(VII-VI a. C)


Poetisa e educadora nascida em Mitilene, na ilha de Lesbos. Rivalizou com o poeta Alceo e, junto com ele, representa a criação da poesia lírica grega, em contraposição à poesia épica (Homero). Da sua obra conservaram-se dez livros.


Aristocleia (Século V a. C.)


Aristocléa (também Aristocleia; grego: Ἀριστόκλεια), (do século V a.C.) foi uma sacerdotisa grega em Delfos na Grécia Antiga. Ela foi citada por muitos antigos escritores como uma tutora do filósofo e matemático Pitágoras (Entre 580 a.C. - 500 a.C.)


Theano
 (546 a. C. -)


Nascida em 546 a.C., viveu na última parte do século VI a.C. foi uma matemática grega. É também conhecida como filósofa e física. Theano foi aluna de Pitágoras e supõe-se que tenha sido sua mulher. Acredita-se que ela e as duas filhas tenham assumido a escola pitagórica após a morte do marido.


Aspásia de Mileto
 (470-410 a. C.)


Nascida em Mileto, pertenceu ao círculo da elite de Atenas onde conhece Péricles e com ele tem um filho. Como sofista da época, Aspásia também nada escreveu, e os relatos de sua habilidade como argumentadora e educadora, bem como sua influência política sobre Péricles encontram-se na obra de Platão.

Diotima de Mantinéia (427- 347 a C)


Personagem criada por Platão é apresentada como sábia no diálogo o Banquete. Não se sabe ao certo se existiu, mas acredita-se que sim. A ela atribui-se toda a teoria socrático-platônica do amor.


Asioteia de Filos
 (393 – 270 a C)


Ensinava física na Academia de Platão ao lado de outras mulheres que frequentavam a escola.


Hipárquia de Maroneia

Aristocrata, é elogiada por Diógenes Laertios pela cultura e raciocínio, comparando-a com Platão. Escreveu: “Cartas e Tragédias”.


Maria, a judia
, ou Miriam (séc. I d C)


Viveu em Alexandria, seguidora do culto de Isis é considerada como a fundadora da alquimia. Entre os escritos está o livro de Magia Prática. Atribui-se a ela a descoberta do ácido clorídrico e é em homenagem às suas descobertas com o ponto de ebulição da água o nome de banho-maria.


Hipácia de Alexandria
 (415 d C)


Cultivou superiormente as matemáticas e a filosofia. Manteve viva a chama do pensamento helênico de raiz ateniense numa Alexandria dilacerada pelas lutas religiosas. Foi brutalmente assassinada por uma multidão de fanáticos cristãos.


Idade Média(Séc. V - XIV)

Hildegarda de Bigen (1098-1179)


Conhecida como terapeuta e visionária. Vasta obra de ciência natural sobre biologia e botânica, astronomia e medicina. Fundou um monastério em 1165, seus escritos místicos e teológicos filosóficos são de inspiração platônica.


Heloísa de Paráclito
 (1101-1164)


Francesa, foi abadessa do convento de Paráclito, uma comunidade monástica fundada pelo filósofo Pedro Abelardo, seu professor e amante.

A longa correspondência dos dois documenta a paixão e o debate que nutriam ao longo da vida (Correspondências ou Epístolas). Também escreveu um texto chamado “Problemata”.

Catalina de Siena (1347-1380)


Liderou uma comunidade heterodoxa de homens e mulheres, sendo considerada a última reformadora religiosa do período medieval. Escreveu “Diálogo da Doutrina Divina”.


Cristina de Pizan
 (1365-1431)


Considerada a primeira autora profissional. Sua obra mais famosa foi escrita em 1405, “A Cidade das Mulheres”. Questiona a autoridade masculina dos grandes pensadores e poetas que contribuíram para a tradição misógina e decide fazer frente às acusações e insultos contra as mulheres.


Idade Moderna(Séc. XV - XVIII)

Teresa de Jesus (de Ávila) (1515-1582)


A partir de 1562 começa a fundar monastérios das carmelitas descalças na Espanha, uma variante feminina da ordem da qual pertencia. Obras: “Caminho da Perfeição”, a autobiografia “Livro de sua Vida”, “Castelo Interior” ou “As Moradas”.


Louise Labé
 (1524-1566)

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Francesa erudita, literata e música. Obras: “Sonetos”, “Debate entre a Loucura e o Amor”. Na dedicatória deste livro escreve uma espécie de manifesto das reivindicações femininas: o direito das mulheres à ciência e outros conhecimentos.


Mary Astell
 (1666-1731)


Uma pensadora que unificou suas convicções filosóficas e religiosas em uma visão feminista. Inovou o campo moral e pedagógico de sua época. Obras: “A Serious Proposal to the Ladies for the Advancement of their true and greater Interests” e “By a lover of her Sex”.


Mary Wollstonecraft
 (1739- 1797)


Escreveu seu primeiro livro em 1787, “Pensamentos sobre a Educação das Filhas”, onde se percebe a influência de Locke e Rousseau. Em 1790 escreve a “Reivindicação dos Direitos dos Homens” e, em 1792, sua obra mais importante, um tratado político-filosófico intitulado “A Reivindicação dos Direitos das Mulheres”.

Olímpia de Gouges (1748-1793)


São mais de quatro mil páginas de escritos revolucionários, peças de teatro, panfletos, novelas, sátiras, utopias e filosofia. Foi presa por questionar a escravidão dos negros; tomou posições em favor dos direitos da mulher (divórcio, maternidade, educação e liberdade religiosa) e defendeu oprimidos e humilhados com tal dedicação será condenada à guilhotina, em 1793.
De suas obras destacam-se: “Memórias de Mme. De Valmont”, “Carta ao Povo”, “Os Direitos da Mulher e Cidadã”.


Idade Contemporânea (Séc. IX - XX)


Rosa de Luxemburgo
 (1871-1919)


Publicava, em Paris, o Jornal A Causa Operária, em 1906. Participou sempre à esquerda das atividades do Partido Social Democrata Polonês e do III Congresso da Internacional Socialista. Foi presa diversas vezes. Em 1919 é assassinada pela polícia em uma prisão alemã. Obras: “Acumulação do Capital”, “Contribuição para a explicação do Imperialismo”, “Militarismo, guerra e classe operária”, “A revolução Russa.”


Lou Andreas-Salomé
 (1861-1937)


Em 1919 escreve seu primeiro ensaio de argumento psicológico, “O Erotismo”. Passou então a freqüentar o debate psicanalítico e encontrou os argumento que necessitava para articular seus maiores interesses: a arte, a religião e a experiência amorosa como pode se verificar em sua obra: “Reflexões sobre o problema do amor”, “Religião e Cultura”, “Jesus, o judeu”, “Meu agradecimento a Freud”.


Edith Stein
 (1891-1942)


Lecionava na Universidade de Gottinger. E 1915 presta serviço a Cruz Vermelha.Em 1925 dedica-se a uma intensa atividade, traduzindo obras de São Tomás de Aquino e Newman e publicando “Sobre o Estado e a Fenomenologia de Husserl”. Interessou-se pela questão feminina no campo filosófico e religioso, publicando “Ethos” das profissões das mulheres.
Morreu em 1942 em Auschwitz numa câmara de gás.


Maria Zambrano
 (1904-1991)


Em 1936 faz parte de um grupo de intelectuais que com missões pedagógicas, iniciam uma experiência de educação popular. A relação entre poesia e filosofia, o mito e a razão, a paixão e o intelecto, a obra e a ação, o papel dos intelectuais e o sentido da história parecem ser as principais preocupações de Maria Zambrano.


Hannah Arendt
 (1906-1975)


A partir de “As origens do Totalitarismo”, inicia uma reflexão dos acontecimentos de sua época; pensa de um modo novo a política e critica a tradição filosófica de seu tempo e seus contemporâneos.
Obras: “A condição Humana”, “Entre o passado e o futuro”, “Crises da República”, “Eichmann em Jerusalém”, “A banalidade do mal”, “A vida do Espírito. O pensar, o querer e o julgar”


Simone de Beauvoir
 (1908-1986)


Representante do Existencialismo. Colaboradora da Revista Tempos Modernos. Nas décadas de 50 e 60 viajou pelo mundo debatendo sua produção filosófica, com grupos políticos e feministas. O “Segundo Sexo”, obra sobre a condição feminina, transformou-se em ícone do movimento feminista. Escreveu também: “Por uma moral da ambiguidade”, “A força das coisas” e “Balanço final”, entre outros.
Foi professora mas, seguindo seu impulso político, decidiu fazer parte da classe operária. Seus textos refletem suas experiências e suas intuições, bem como seu percurso pelo marxismo até a religião. Obras: “Reflexões sobre as Causas da liberdade e da opressão social”, “Reflexões sobre a Origem do Hitlerismo”, etc.


Simone Weil
 (1909-1943)


Ativista radical dos anos 70 no movimento político Black Power- as panteras negras. Debate os conceitos de liberdade e liberação, bem como a reflexão sobre o sexismo e racismo, ao lado da classe e o poder. Seus escritos trazem um pensamento transformador para a reflexão filosófica no século XX.
BIBLIOGRAFIA
WUENSCH, Ana Miriam. As Mulheres e a Filosofia. Apostila do Curso de Extensão “As Mulheres e a Filosofia III – Existem Filósofas?”, CESPE, Universidade de Brasília, 2003.

sábado, 26 de setembro de 2009

A solidão numa existência inventada


Era manhã e uma dor na espinha já acusava que aquele seria o dia de parir...
Mandou os outros quatro filhos para a casa da sede, dos avós, que tinha mais conforto; manteve-se em sua casa de pau a pique, porta de tábuas desencontradas, chão de terra batida rebocada com cinza molhada (dando uma sensação de piso cimentado), para dar conta das últimas tarefas de dona de casa, deixar as roupas arrumadas, as vasilhas para quando chegar a hora, a merenda do marido que estava na roça desde a madrugada, o milho para as galinhas, a lavagem para os porcos, vaca alimentada com cana de açúcar, "trens" lavados e na bacia ao sol, roupas do próximo rebento sobre o berço acomodadas no pequeno colchão de palha rasgada. Cueiros, faixas de umbigo, muitas mantas, pagãos (todos feitos de flanela pelas mãos da mãe, que nem o sexo de seu bebê). Depois de tudo arrumado, com as dores cada vez mais próxima entre elas, o marido chega no final da tarde, sujo, exaurido, extenuado, é recebido com a notícia que será naquela noite a chegada da quinta cria...
Feliz e abobado, toma um banho na bacia grande de alumínio manchado, vai para buscar a parteira carreador afora, reza pelo caminho, ida e volta reza, sua fé mantém uma família unida, humilde e feliz.
A mãe fica em casa, com as dores do parto se apertando, aguniada apesar de ter passado por isso cinco vezes nos últimos seis anos (o primeiro morreu após o parto, nasceu "doentinho"). Anda pela casa de dois cômodos, contorcendo-se, entre os poucos móveis de madeira descascada, geme e respira ofegante...
percebe uma pressão forte em sua bacia... vai até o quarto... num instinto de fêmea ... agacha sobre a cama de palha... percebe que a hora chega e que ninguém lhe vem em socorro... faz força e respira fundo... e num desespero da solidão e da necessidade vem ao mundo mais uma filha... é feia, não só porque está suja e arroxoeada pelo trabalho de parto exaustivo e extasiante, mas porque era feia mesmo, uma menina que vem ao mundo sozinha não pode sair coisa fácil, pensa a mãe embriagada pela dor e queda de pressão...
Bicho que nasce sozinho, ninguém segura, não precisa de ninguém, de porto seguro, de mão para segurar, de muito colo... veio sozinha (Feito KIRIKU e a feiticeira)...
Enrola-a em cueiros, aproxima-a do corpo entre panos de carne crua, espera a chegada da parteira e do marido para o corte do cordão... já tem dois meninos e duas meninas, o que viesse seria bom, veio sem preferência... o pai chegou um quarto de hora depois, guiado pelo lampião, trouxe uma velha parteira da vizinhança, logo acudiu a criança, que chorou pouco, cortou o cordão, passou mertiolate, protegeu seu "pé" enrolando depois a extensa faixa, primeiro no ventre, depois por todo o corpo, como um casulo de bicho da sede, no final: faixa, pagão, cueiro, manta... só ficou o rosto a mostra, o corpo todo estava imóvel, agora o pai pode pegá-la: chorou, deu-lhe o nome e também observou sua ausência de beleza... seria uma menina feia...
Uma semana depois ocorreu uma tempestade, dessas que derrubam casas, árvores e pontes... a casa manteve-se de pé pela fé, o casal ficou de água até a cintura, a menina feia sobreviveu entre acolchoados de pãina, muito pesados e grossos... foi uma tragédia, a mãe quebrou o resguardo, ficou louca por um ano, deu os filhos aos padrinhos, não podia ficar sozinha, tinha medo de tudo, principalmente o entardescer, o marido levou a tudo que podia lhe dar esperanças de cura, lugares e pessoas, (depressão pós parto era desconhecida) médico, psiquiatra, benzedeira, curandeira, macumbeira, padre, pastor, no fim um farmacêutico a salvou dando-lhe fortificantes, vitaminas e calmantes.
Voltou para casa, recuperou a paz e alegria de viver, a filha feia estava com berne na boca e precisava ser cuidada, foi operada e aos poucos ia mudando da fisionomia primata para humana, com os cuidados da mãe e o paparico do pai, estava engordando e corando... não sabiam, mas seus olhos pretos e profundos iam lhe permitir olhares muito longínquos...



Música que mostra um pouco do que se tornou...


http://www.youtube.com/watch?v=hFJljUyEJ3c

ÉTICA - AULA 5

Ética na filosofia contemporânea

“Tudo que é sólido se desmancha no ar”
A contemporaneidade procura o valor que nos devem nortear diante de uma razão que não deu conta de resolver os problemas da humanidade.
Mundo em Movimento



HEGEL E A HISTÓRIA DO ABSOLUTO
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Se Hegel fosse vivo, diria: a Razão é negra.
“Se olharmos a história racionalmente, ela nos olhará racionalmente de volta”. Essa citação de Hegel expõe, em linhas gerais, o que o filósofo alemão compreende por Filosofia da História; ou seja, a observação refletida dos fatos históricos. O Idealismo Absoluto de Hegel não permite uma separação entre realidade e pensamento, o que não significa que a História deva ser, em vez da expressão mais fiel dos dados, uma composição por especulação filosófica. A conclusão que expõe a razão na história, verificada em seu olhar que dirige-se de volta ao filósofo, é o resultado da análise filosófica dos fatos expostos na História. Essa conclusão é única e necessária, e tem grande importância na Filosofia sistemática de Hegel, pois, o Espírito, que é razão, se autodesenvolve na História.

Hegel apresenta a perspectiva Homem – Cultura e História, sendo que a ética deve ser determinada pelas relações sociais. Como sujeitos históricos culturais, nossa vontade subjetiva deve ser submetida à vontade social, das instituições da sociedade. Desta forma a vida ética deve ser “determinada pela harmonia entre vontade subjetiva individual e a vontade objetiva cultural”. Instintivamente vamos seguindo a história, ou em desacordo mudar os valores.


Kierkgaard e a ética da angústia

Exposta em três tratados:
Estudos no Caminho da Vida, A Alternativa e Equilíbrio da estética e a Ética na formação da personalidade.
O salto entre os estágios existenciais em geral comporta a categoria do desespero.
Três formas de desespero: em-debilidade; o -reto e o demoníaco.
Os verdadeiros desesperados, são aqueles que ignoram o desespero.
doença mortal quando seu resultado é a sujeição do homem ao seu eu desesperado
Nele a morte é justamente o não poder morrer.
É na consciência que o desespero cresce em profundidade.
A imensa maioria vive em desespero, embora sentido apenas num nível bem inferior.
vida separada do bem, uma existência completamente a-espiritual a tal ponto que nem faria sentido chamá-los de pecadores.
O mal autêntico consiste em deixar-se em tal estado de ignorância em que se perde a consciência dos próprios atos e da própria qualidade moral.
Abaixo do que é autenticamente humano, à situação em que se torna impossível discernir o bem do mal.

Envolve a salvação e a perdição, o orgulho diabólico e a humildade cristã, o abandono e a eleição, a verdade e a mentira, a eternidade e o tempo.
É preciso desejar o desespero com sinceridade. Isto porque quem o deseja verdadeiramente, ao mesmo tempo também se liberta do desespero.


Arthur Schopenhaur – o pessimismo

Só os estúpidos esperam a velhice e a doença para perceberem a tristeza da condição humana.
A filosofia
uma construção teórica indiferente à vida
compreensão prática da vida, que lhe dá forma e que a orienta
sabedoria e cuidado de si mesmo.
Eudemonologia = arte de ser feliz.
Pretender que uma grande inteligência acredite seriamente numa religião cristã, ou em qualquer outra religião, é como pretender que um gigante calce uns sapatos de anão.

O sono é um pedaço de morte que nós, antecipando, pedimos emprestado com o objectivo de renovar a vida devastada no dia anterior. É um empréstimo pedido à morte. O sono endivida-se perante a morte para conservar a vida.
A condição para ser sábio é viver num mundo de loucos.
Não contem a noção de dever mas a noção de renúncia. Schopenhauer propõe uma santidade cristã que é meio caminho para o nirvana hindu. No homem a vontade é algo de que ele tem consciência como vontade de viver e ao mesmo tempo consciência de permanente insatisfação com o que ele é (segundo conhecimento, depois do conhecimento da vontade, é o da sua insatisfação) com o que faz, de modo que a única salvação é a superação da vontade de viver.A única salvação definitiva é a superação da vontade de viver. Para anular a vontade: a renúncia, como fazem os santos, e o nirvana da filosofia hindu (budismo e bramanismo).
A vontade é constante dor.
Isto faz que a sua filosofia seja um rigoroso pessimismo.  



Friedrich Nietzsche – vida

15 de outubro de 1844 em Röcken, localidade próxima a Leipzig. Karl Ludwig, seu pai, pessoa culta e delicada, e seus dois avós eram pastores protestantes. 
Em 1849, seu pai e seu irmão faleceram, cresceu, em companhia da mãe, duas tias e da avó. Criança feliz, modelo, dócil e leal, seus colegas de escola o chamavam "pequeno pastor". 
Em 1858, escola de Pforta, afasta-se do cristianismo devido a influência acadêmicas. Excelente aluno em grego, dedicou-se a filosofia. A partir de O Mundo como Vontade e Representação, de Schopenhauer (1788-1860).
Em 1867, foi chamado para prestar o serviço militar, mas teve um acidente. Voltou então aos estudos na cidade de Leipzig. 
amizade com Richard Wagner (1813-1883) Em 1871, publicou O Nascimento da Tragédia.
Terminada a licença da universidade para que tratasse da saúde em 1880, publicou O Andarilho e sua Sombra: um ano depois apareceu Aurora, com a qual se empenhou "numa luta contra a moral da auto-renúncia". Durante o verão de 1881, Nietzsche residiu em Haute-Engandine, onde teve a intuição de O Eterno Retorno.
Em 1882, propôs-lhe casamento e foi recusado, mas Lou Andreas Salomé desejou continuar sua amiga e discípula. No outono de 1883 voltou para a Alemanha residindo em Naumburg, com da mãe e da irmã.
Depois de 1888, Nietzsche passou a escrever cartas estranhas. Acabou sendo internado em Basiléia, onde foi diagnosticada uma "paralisia progressiva".
Nietzsche faleceu em Weimar, a 25 de agosto de 1900.

Friedrich Nietzsche – o além do homem
Na sua Filosofia há uma interpretação que conduz da dissolução da metafísica à ética do amor fati. A sua Filosofia, mormente a que se inicia com Assim falava Zaratustra, tem como questão central a construção de uma ética apresentada, nesse livro, como ética do amor fati. Os temas que constituem a vertente positiva do seu pensamento – vontade de potência, eterno retorno e além-do-homem – inter-relacionam-se a partir da perspectiva dessa ética que requer, como condicionante de sua compreensão, a superação da metafísica. O móvel condutor de suas análises está determinado pela afirmação incondicional da vida e é nessa afirmação que julgamos encontrar elementos para sustentar a hipótese da presença de uma ética no conjunto de sua obra afirmativa, ainda que se configure de modo diverso das formulações anteriores. 

A idéia do Super-homem de Nietzsche era de um ser que haveria alcançado o estágio superior, separando-se da piedade, do sofrimento, da tolerância e da fraqueza. Esse super-homem estaria sempre em um estado de renascimento e crescimento, sendo também capaz de determinar o bem e o mal sem a intromissão dos pontos de vista da igreja ou da sociedade. A felicidade desse super-homem só seria alcançada pela capacidade de determinar seus próprios valores, que deveriam estar sempre em estado constante de mudança, que era a fonte do prazer.


Ludwig feuerbach – o ser absoluto

A situação material em que o homem vive é que o cria. Feuerbach nega o conceito de que exista primeiro a idéia e depois a matéria. Para ele a maçã real precede a idéia da maçã. Afirma que deveríamos entender Hegel de cabeça para baixo. Para Feuerbach, Hegel descreve o homem de ponta-cabeça.

O homem quer agir para o bem dos outros, pelo bem geral. Tais atos não unem simplesmente o Eu e o Tu, mas fundem os indivíduos num povo. Portanto, o homem, deve ser elevado à vida política, que seria o campo das verdadeiras relações entre os homens. 
"A amizade é sublime: nela resplandece a força da humanidade.“ (Feuerbach) 

Karl Marx - vida

Karl Heinrich Marx (Tréveris, 5 de maio de 1818 — Londres, 14 de março de 1883) foi um intelectual e revolucionário alemão, fundador da doutrina comunista moderna, que atuou como economista, filósofo, historiador, teórico político e jornalista.
O pensamento de Marx influencia várias áreas, tais como Filosofia, História, Sociologia, Ciência Política, Antropologia, Psicologia, Economia, Comunicação, Arquitetura e outras. Em uma pesquisa da rádio BBC de Londres, realizada em 2005, Karl Marx foi eleito o maior filósofo de todos os tempos.
Marx – crítica ao capitalismo

A teoria marxista é, substancialmente, uma crítica radical das sociedades capitalistas. Mas é uma crítica que não se limita a teoria em si. Marx, aliás, se posiciona contra qualquer separação drástica entre teoria e prática, entre pensamento e realidade, porque essas dimensões são abstrações mentais (categorias analíticas) que, no plano concreto, real, integram uma mesma totalidade complexa.

O marxismo constitui-se como a concepção materialista da História, longe de qualquer tipo de determinismo, mas compreendendo a predominância da materialidade sobre a idéia, sendo esta possível somente com o desenvolvimento daquela, e a compreensão das coisas em seu movimento, em sua inter-determinação, que é a dialética. Portanto, não é possível entender os conceitos marxianos como forças produtivas, capital, entre outros, sem levar em conta o processo histórico, pois não são conceitos abstratos e sim uma abstração do real, tendo como pressuposto que o real é movimento.

Marx – ética do proletariado

Karl Marx compreende o trabalho como atividade fundante da humanidade. E o trabalho, sendo a centralidade da atividade humana, se desenvolve socialmente, sendo o homem um ser social. Sendo os homens seres sociais, a História, isto é, suas relações de produção e suas relações sociais fundam todo processo de formação da humanidade. Esta compreensão e concepção do homem é radicalmente revolucionária em todos os sentidos, pois é a partir dela que Marx irá identificar a alienação do trabalho como a alienação fundante das demais. E com esta base filosófica é que Marx compreende todas as demais ciências, tendo sua compreensão do real influenciado cada dia mais a ciência por sua consistência.

John Stuart Mill e a autonomia

Filho de James Mill. Nasce em Londres. Teve Bentham como professor. Estuda direito e filosofia. Visita França em 1821. Funcionário da Companhia das Índias Orientais de 1823 a 1858. Deputado em Westminster. Tenta conciliar o utilitarismo com o positivismo. Discípulo do utilitarismo de Bentham.Empirismo como fonte do conhecimento. Influencia o liberalismo. No fim mostra simpatia pelas teorias socialistas.
Sistematizam um conjunto de leis do liberalismo:

a lei do interesse pessoal ou princípio hedonístico (cada individuo procura o bem e a riqueza e evita o mal e a miséria), a lei da concorrência, a lei da população, a lei do salário, a lei da renda e a lei da troca internacional (o país mais pobre e menos industrializado beneficia sempre com a liberdade do comércio). 
Inteiramente liberal quanto à produção, defendendo o liberalismo concorrencial, considera que a justiça social, isto é a acção do Estado, pode intervir na distribuição :"a sociedade pode submeter a distribuição da riqueza às regras que lhe parecerem melhores".


Augusto Comte: AMOR, ORDEM E PROGRESSO

O estado positivo caracteriza-se pela subordinação da imaginação pela observação. Cada proposição enunciada de maneira positiva deve corresponder a um fato particular ou universal.

A filosofia positiva ao contrário dos estados teológico e metafísico considera impossível a redução dos fenômenos naturais a um só princípio (Deus, natureza ou outro experiência equivalente).
Essa unidade do conhecimento é individual e coletiva;
isso faz da filosofia positiva o fundamento intelectual da fraternidade entre os homens, possibilitando a vida prática em comum. A união entre a teoria e a prática seria muito mais íntima no estado positivo do que nos anteriores, pois o conhecimento das relações constantes entre os fenômenos torna possível determinar seu futuro desenvolvimento.

O conhecimento positivo caracteriza-se pela previsibilidade: “ver para prever” é o lema da ciência positiva. A previsibilidade científica permite o desenvolvimento da técnica e, assim, o estado positivo corresponde à indústria, no sentido de exploração da natureza pelo homem.
Em suma, o espírito positivo instaura as ciências como investigação do real, do certo e indubitável, das verdades absolutas, do precisamente determinado e do útil. Nos domínios do social e do político, o estágio positivo do espírito humano marcaria a passagem do poder espiritual para as mãos dos sábios e cientistas e do poder material para o controle dos industriais. 


O existencialimo

O ser no mundo
O homem nasce do homem
A finitude, a contingência e a fragilidade da existência humana; a alienação, a solidão e a comunicação, o segredo, o nada, o tédio, a náusea, a angústia e o desespero; a preocupação e o projeto, o engajamento e o risco, são alguns dos temas principais de que se tem ocupado os representantes do existencialismo.

Jean Paul Sartre

“Mas se verdadeiramente a existência precede a essência, o homem é responsável por aquilo que é. Assim, o primeiro esforço do existencialismo é o de pôr todo homem no domínio do que ele é e de lhe atribuir a total responsabilidade da sua existência. E, quando dizemos que o homem é responsável por si próprio, não queremos dizer que o homem é responsável pela sua restrita individualidade, mas que é responsável por todos os homens." 


Simone de Beauvoir

"Que nada nos limite.
Que nada nos defina.
Que nada nos sujeite.
Que a liberdade seja a nossa própria substância.”
Em 1949, a sociedade francesa foi abalada por um contundente ensaio publicado por uma das mais famosas escritoras do país: Simone de Beauvoir. O título era O Segundo Sexo, livro que desde então correu o mundo e contribuiu definitivamente para a emancipação da mulher contemporânea.

As oportunidades do indivíduo não as definiremos em termos de felicidade, mas em termos de liberdade.


Heidgger 

O ponto de partida do pensamento de Heidegger, principal representante alemão da filosofia existencial, é o problema do sentido do ser.
Aborda a questão tomando como exemplo o ser humano, que se caracteriza precisamente por se interrogar a esse respeito.

O homem está especialmente mediado por seu passado: o ser do homem é um "ser que caminha para a morte" e sua relação com o mundo concretiza-se a partir dos conceitos de preocupação, angústia, conhecimento e complexo de culpa.
O homem deve tentar "saltar", fugindo de sua condição cotidiana para atingir seu verdadeiro "eu".


Edmund Husserl

A ética a partir de três eixos temáticos, que se complementam:
a relação entre razão teórica e razão prática no interior da fenomenologia
o conceito de humanidade autêntica
a reflexão fenomenológica sobre a esfera do estrangeiro.
Parte-se do pressuposto segundo o qual o pensamento abre caminho para uma superação de duas atitudes éticas radicais: o ceticismo de caráter biológico e o universalismo abstrato. 

Pelo fato de conceber idéias, o homem se torna um homem novo, que, vivendo na finitude, se orienta para o polo do infinito.
“Penso algo pensado”


Escola de Frankfurt e o totalitarismo

Se enfrentar a crise filosófica e a crise política constituíram algumas importantes premissas da referida corrente de pensamento, que abordou temas essenciais como a problematização do conhecimento, a indústria cultural e as suas estruturas ideológicas e alienantes de dominação, certamente que muitos dos seus postulados podem ser úteis para a compreensão do mundo que vivemos.
Indústria Cultural


Homem unidimensional

Arte ascessível

Proletariado transformador

Consumismo 



Pós-modernidade e a ética da linguagem

Pretensão de sentido (compartilhamento de sentido com outros - com uma comunidade ilimitada de comunicação), pretensão de sinceridade e pretensão de direito moral.
Essa é uma nova característica da ética do discurso. Pois, agora, a pressuposição metodológica é o "eu argumento", pois sou membro de uma comunidade real e estou, ao mesmo tempo, antecipando estruturas de uma comunidade ideal, pois devo dirigir meus argumentos a essa sociedade. Devo supor a pretensão à verdade para todo componente dessa sociedade ideal.

Não posso pensar, ter pretensões à verdade, argumentar seriamente, sem pressupor as normas éticas fundamentais de uma sociedade ideal livre. Devo, desde o início, reconhecer que todos os componentes têm direitos iguais para perguntar, responder, etc. Eles são corresponsáveis comigo em qualquer questão relevante. Todos têm de ser iguais em termos de deveres e direitos. Assim, a ética aparece logo no início quando procuramos o que é pressuposto no estudo de teorias. Esse é o ponto principal.