terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A menina e a mosca (SEGUNDA PARTE)

Sem título
SEM TÍTULO (GERSON WATANUKI)

Ela olhava para a mosca de soslaio e seu olhar fixo a deixava tímida e curiosa... (seu cinismo a inocentava de toda promiscuidade presente no ar)... parada na cortina embolorada, com seus desenhos disformes, desbotados, um plástico cheio de poás, podre...
Estavam possuídas e descontroladas de tesão, a menina esfregava o dedo no clitóris, tetinhas cada vez mais entumescidas, carne esmagada entre os dedos quente e sensível até à sua respitação ofegante... a mosca esfregava suas patas dianteiras no rosto, se limpando e se lambendo diante do banquete que se oferecia para sua degustação...
Ela desejou muito a mosca... seus pensamentos suplicavam pela participação desta em seu gozo... e... num movimento em redemoinho ela veio, saiu do seu estado de repouso voier e veio participar... gostou do que viu, carne exposta de cheiro forte... cheiro de saliva azeda no bico dos seus peitinhos pouco desenvolvidos, cheiro de frutos dos mar, suor da puberdade que se somava ao aroma do lugar, uma mistura de esconderijo de barata e amoníaco... 
A mosca veio, pedia por isso, implorava aos sussurros, mendigava desavergonhadamente que pousasse sobre seu corpo, imaginava em sua loucura que ela, pela vontade de todos os demônios que a atormentavam naquele momento, se transformasse num ser com uma língua potente a lhe lamber os odores, e nessa ânsia sua boca salivava, queria a mosca não só lambendo seus mamilos mal formados, mas lambendo também seu grelinho, seu cuzinho...
Ela veio... veio... zummmmmmmmmmmmmmmmmmmmm....zummmmmmmmmmmmmmmm... zummmmmmm...zummmm...zummm...zumm... zum...z...
e foi se acomodando em seu ninho de poucas penugens... atraída pelo seu fedor... calor... humidade... ela veio... a menina flutuava... não sentia nada além do movimento da mosca em seu corpo... e explorando seu frágil corpo... ela pousou em seu clitóris... que de tão sensível parecia estar sendo tocado por um corpo significativo... ela obedeceu suas súplicas, solicitudes silenciosas para não assustá-la... e começou a lamber-lhe... era muito intenso... quase insuportavel... imaginava estar sendo penetrada por um grande membro (quente e macio) sentia até seu cheiro... que se confundia com o do esgoto que a pia exalava, por não ter sifão, tudo a levava a querer essa alcova.
Ela a serviu de toda a sua potência... andou e lambeu toda a sua carne arroxeada e lambuzada de saliva e meleca vaginal... era virgem... não tinha coragem de ir além do clitóris... só com o chuveirinho... enquanto sua amante passeava sobre seu clitóris ela permanecia como uma estátua, esperando e captando cada movimento... a sensibilidade era tanta que suas lambidas eram como línguas de gato... sentiu tudo o que podia física e imageticamente e... quando o seu corpo parecia estar entrando num processo de cãibra generalizada... urrou... num gozo trêmulo, aos socos, aos soluços... em segundos foi se desfazendo... se derretendo sobre aquele vaso encardido que doía em sua bunda magra, escorregando em seus suores, melados corpóreos, fluídos do ritual catártico...
desabafou todas as suas frustrações... o corpo e a consciência estavam entrando vagarosamente num processo contrário ao prazer... o corpo doía pelos excessos físicos... e a mente se torturava pelos excessos onírico ... como suportar ter desejado ser possuída por um demônio... como?
Culpou a mosca... invasora do seu esconderijo...
Culpou a irmã... 
Culpou a vida... desgraçada...
Tomou um banho com o sabão de cinza e enchugou-se na toalha de saco... cru... como seus horizontes...
Esfregou-se muito com a bucha de mato... queria que a dor do banho sobrepusesse a dor do ato... era sempre assim... sempre que gozava se sentia culpada, o alívio e a culpa se misturavam e a deixava pensativa... por isso tinha matado-a, como uma viuva negra, por isso tinha que eliminar as provas, os cúmplices...  por isso tinha que se purificar no banho... na missa de domingo... com os olhos baixos... sempre esquivando dos olhares alheios... temia sua transparência... sua satisfação escancarada...
Mesmo no dia que... (CONTINUA)

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