Moça,
Como foi de viagem? E a parentada?
Ontem, mesmo sabendo que o livro "Tristão e Isolda" só será devolvido na semana que vem, fui até a Biblioteca e um livro me chamou a atenção. Você, no que diz respeito a livros, já se confessou uma pequena traça e me disse também que não gosta de louva-a-deus, que eles parecem te seguir com os olhos. Pois bem, veja só o título do livro:“O louva-a-deus que amava traças”. Nome do autor: Afrânio Freitas. Será parente seu? Lógico que não tive outra coisa a fazer senão tomá-lo emprestado. Vou começar a ler hoje, daqui a pouco, assim que acabar de escrever esse e-mail. Ontem fiquei por conta dos afazeres domésticos, faxina da casa, lavar roupas, proibido de beber durante o dia pela vida, que acha que estou exagerando nesse fim de ano (e acho que estou mesmo), só teve um jeito, botei o CD do Chico – aquele CD – enquanto naufragava em tais maçantes tarefas.
Aproveitei a ida à biblioteca para dar minha caminhada básica, fico irrequieto se passo uns dias sem andar. Preciso de minha dose diária de endorfina, liberada para anestesiar os músculos quando submetidos a uma atividade física e ela vicia. Dizem que durante o orgasmo também é liberada substancial dose de endorfina, mas tá mais fácil obtê-la em uma caminhada.
Moça, estou curiosíssimo para ler suas anotações, observações sobre o conto que lhe entreguei, elas devem ser mais interessantes que o próprio conto. Quis lhe entregar não o conto impresso e, sim, o manuscrito original – sempre escrevo primeiro e digito depois -, mas expor a você a minha grafia, além das idéias, é algo para o qual ainda não estou preparado.
Não entendo nada de arte, sou um analfabeto, de algumas coisas gosto e de outras, não, simplesmente isso. Gosto muito de Egon Schielle, você deve conhecer, lógico. Estão anexas algumas obras dele.
Aproveite suas férias, Moça.
Estarei sempre por aqui.
Beijão.
Obs: Outra correção do contato anterior: o correto é “enfunadas” e não “enfurnadas”, as velas. Não sei onde ando com a cabeça .
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