sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Introdução a minha antropologia




Eu nasci sozinha, a parteira demorou.
Minha mãe com depressão pós parto não me deu bem os primeiros cuidados
Tive berne na boca com alguns meses de vida
Aos 4 anos engasguei com uma bala soft em formato de hemácia
Quando estava roxa, desfalecida e sem esperança meu pai me devolveu a vida aos murros
Tinha medo da quaresma
Assombração
Folia de reis
Medo dos ciganos
Medo de circo
Medo dos estranhos
Medos dos conhecidos estranhos
Que mostram seus pintos a crianças
Gostava de ir a missa para mascar os chicletes encontrados pelo chão e embaixo dos bancos
Achavam minha caipirice cariada muito engraçadinha
Tomava conhaque com leite para me esquentar do frio, hoje bebo apenas, sem desculpas.
Ia a escola descalça com 7 anos, os bichos de pé me protegiam
Dormia em colchão de palha, casa de madeira, chão de cinza
Aos oito conheci o açúcar e me viciei...
Aos nove conheci a malícia e me viciei...
Aos 10 conheci a leitura e me viciei...
Aos 11 conheci o carrinho de rolimã... tive medo...
Aos 12 conheci outra boca... beijo vicia...
Com 13, 14 e 15, tinha piolho, cárie, cabelo joãozinho, cisto de ovário, hemorragia, menstruação, feiura, medo de pecar, amigos duvidosos...
Trabalhei de babá, tirei o ovário e a trompa direita, parei de olhar no espelho, parei de rezar e comecei a orar, meus duvidosos amigos de multiplicavam como ratos/coelhos (nunca soube)
Aos 16 trabalhava e estudava muito...
Nesta época conheci a poesia, que maluca, mais que eu, nunca me droguei, nem precisava
Com 20 já não era mais virgem, medrosa, cristã...
Mas continuava ligada a poesia e a masturbação...
Hoje... parece que o tempo não passou.

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