sábado, 15 de agosto de 2009

Lobo cyber

Não gosto de rótulos, também não costumo rotular as pessoas de modo ortodoxo... vou observando... refletindo... me espantando... não quero nunca chamar as coisas de naturais... não quero me deixar naturalizar pela barbárie.
Inclusive das incoerências cotidianas... Algumas pessoas parecem Platão, negam o mito, mas utilizam-se dele para afirmarem os seus mitos. Usam a tecnologia quando lhes convêm, como lhes convêm, mas repudiam esse utilização pelos outros... fazem isso com outras "coisas" também... coisificações... (Discuto isso nas aulas de filosofia da ciência, o cientificismo) Tem Blog, baixam música, baixam filme, pesquisam, se comunicam por e-mail, orkut, msn... anônimos ou não; o que pode, as vezes, diferenciar é o conteúdo, é o olhar... mas consomem, ninguém vive sem consumir, ideias ou matérias... produzimos e consumimos cotidianamente a nossa existência... Nem todas as pessoas tem capacidade de se adaptar de modo integral, por recusa ideológica ou cognitiva, algumas negam, outras ignoram, outras são hipócritas.
Uso a tecnologia, não deixo que ela me use, ficando dependente dela, exclusivamente.
Mas o mundo, em grande parte, está a cada dia mais dependente dessa parafernália, tecnológica (celular: filma, grava, fotografa, manda mensagem, assiste tv, internet, rádio, e se tiver tempo, telefone), assusta-me ouvir alguém dizer: "Não vivo sem..."
qualquer um desses equipamentos construídos para dar autonomia (ou robotizar)...
Quem está livre...
Ainda prefiro os livros... escrever meus textos a mão antes de digitar... gosto do papel (mas é anti-ecológico. E o que farão com o lixo tecnológico?)
Eu gosto de dar aulas, só isso, passar o meu conhecimento, ser exigida, aprender e ensinar coisas que me interessam. Assiste quem quer; a maioria passou pela sala de aula e não aproveitou.
Nas escola, só leciono para 10% da sala, me sinto mal em ter que ser babá dos demais, pois a maioria está lá obrigada. A escola é do aluno, não é para o conhecimento mais.
A nostalgia não resolve problemas educacionais, a política e a economia não quer investir na educação, estamos cada vez mais invisíveis (para quem gosta de HQ pode ser interessante).
Vamos a mercados e consumimos coisas industrializadas... enlatadas... engarrafadas... e batemos com nossas claves no chão exigindo uma reflexão purista, de retorno ao estado de natureza, do qual nunca viemos... somos "lobos uns dos outros"...
..."que orelhas, olhos, naris, bocas e dentes grandes você tem"... pena que são inúteis para ouvir, olhar, cheirar, morder e devorar o que pode saciair seus dias de incômodo...

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