terça-feira, 15 de setembro de 2009

ÉTICA - AULA 2


ÉTICA NA FILOSOFIA ANTIGA

“A característica específica do homem em comparação com outros animais é que somente ele tem o sentido do bem e do mal, do justo e do injusto e de outras qualidades morais.”
ARISTÓTELES,Política, p.15.


CONTEXTO HISTÓRICO GREGO



»



A partir século V



De cidadão de genos
Para cidadão de demo
Nasce a DEMOCRACIA
Desenvolve-se a tragédia: Hesíodo, Sófocles, Homero
Questiona o passado
»Nobreza e sua obscura justiça.
»Conflito entre leis civis e de costume (sangue).
»Costumes orais sendo questionado por leis civis.
»Heróis que evidenciam o ideal de sabedoria prudente.
*ex.: Ulisses/ Hércules
»A relação entre fazer o bem e ser feliz perpassa toda filosofia moral antiga, cristã e moderna.
»Racionalmente explicada pelos filósofos



SÓCRATES (469-399 a.C.) - VIDA

»Família humilde
Filho de um escultor e de uma parteira
Casado e com três filhos
»Autodidata em filosofia
Sábio (Ironia e maiêutica)
Iniciou sua filosofia após os 30 anos
Dialogava em praça pública
Nunca escreveu nada
»Feio - Atraia muitos discípulos e inimigos
»Conversava igualmente com cidadãos ou não.
O que importa é o interior.
»Acusação e morte (beber cicuta)
Corruptor da juventude (subversivo)
Heresia.
»Foi descrito por Xenofontes e Platão





“Estás enganado, se pensas que um homem deve ficar pensando nos seus atos, 
sobre as possibilidades de vida ou de morte. O homem de valor moral deve considerar apenas, 
em seus atos, se eles são justos ou injustos, corajosos ou covardes”.
(Platão, Defesa de Sócrates, p.14)




SÓCRATES E O AUTOCONHECIMENTO

“Penso que não ter necessidade é coisa divina e ter as
menores necessidades possíveis é o que mais se aproxima
do divino”. (Frase atribuída a Sócrates séc. V a.C.)
CONHECE-TE A TI MESMO. (Oráculo de Delfos)
»Ironia
De tudo que sei, só sei que nada sei.
»Maiêutica
Esculpir a representação autêntica do homem, fazendo-o dar à luz suas próprias idéias.
»Unir o saber ao fazer
Da consciência intelectual a consciência prática ou moral
A essência do homem é sua alma (eu consciente)
Moral e intelectual



SOFISTAS E A VERDADE - FILODOXIA

Grécia
Fim do séc. V a.C.
Enriquecida, hospitaleira
Aberta a arte e aos novos saberes
Peritos em discursos
Eloqüência na Retórica
Promessa de êxito político e jurídico
Antagonistas aos filósofos
Pagos para ensinar
Protágoras – o relativista
“O homem é a medida de todas as coisas...”
Górgias – o cético
“Não existe verdade universal, se existir não posso conhecer...”


PLATÃO VIDA – DE DISCÍPULO A MESTRE

Filho de Aristocratas
Nome: Arístocles – ombros largos
Iniciou seus estudos filosóficos aos 20 anos
Discípulo de SÓCRATES
Após a morte do mestre
Decepção com a democracia
Viajou pelo mundo 12 anos
Voltou ao 40 anos – pronto a criar uma “República”
Fundou a Academia (formação política e filosófica)
Escreveu quase tudo que sabemos de Sócrates
Autor de vários diálogos e textos de filosofia que influencia o mundo até hoje.


PLATÃO E O MUNDO DAS IDÉIAS

DUALISMO – Fugir das paixões
MUNDO FÍSICO - Corpo
Falso - Aparência - finitude
MUNDO DAS IDÉIAS - Alma
Verdade – Essência - Infinito


SUPERIORIDADE DA ALMA

Mito da caverna
Parelha alada
Mito do sol
Conhecimento se dá da 
passagem progressiva do
mundo físico para o mundo das idéias
Cada um fazendo o que é JUSTIÇA: equilíbrio entre almas de ouro, prata e bronze.


PLATÃO E O MITO DA CAVERNA



ARISTÓTELES - VIDA

Nasceu em Estagira
Era um meteco
Família de Médicos (pai – Nicômaco)
Formação científica/biológica
Discípulo de Platão
Buscou outros saberes
Preceptor de Alexandre (conquistador macedônico)
Fundou LICEU
Ética, política, lógica, estética, metafísica.
Sistemático e Organizador
Descreveu e organizou as coisas cientificamente
“O fim da arte e da educação é substituir a natureza e completar aquilo que ela apenas começou”
Homem do seu tempo: diante das desigualdades
Homem além do seu tempo: diante do conhecimento


ARISTÓTELES E A POLÍTICA

POLÍTICA – BOM SENSO – JUSTIÇA
Extensão da Ética
Busca do bem comum
Felicidade coletiva
Inerente ao homem: animal político
Não vive fora da pólis
Único caminho para chegar a justiça
“a cidade (polis) encontra-se entre as realidades que existem naturalmente, e o homem é por natureza um animal político. (...) o todo deve ter precedência sobre as partes.” (ARISTÓTELES, Política, p. 15)
“Onde quer que se descuide da educação, o Estado sofre um golpe nocivo” 


ARISTÓTELES E A ÉTICA A NICÔMACO

“(...) aquilo  que é próprio de cada criatura lhe é naturalmente melhor e mais agradável; para o homem, a vida conforme o intelecto (a razão) é melhor e mais agradável, já que o intelecto, mais que qualquer outra parte do homem, é o homem. Esta vida, portanto, é também a mais feliz.”
(ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco (1178 a.C.), p. 203.
Essência - Razão – consciência reflexiva – VIRTUDE
Justa medida – meio termo
Vício do excesso e da falta
Exemplo:
Omitir – denunciar – Reagir ao assalto
Ter medo de dirigir – dirigir habilitado – dirigir alcoolizado


TRECHO DA ÉTICA A NICÔMACO – LIVRO II E X

Parece que a felicidade, mais que qualquer outro bem, é tida como este bem supremo, pois a escolhemos sempre por si mesma, e nunca por causa de algo mais; mas as honrarias, o prazer, a inteligência e todas as outras formas de excelência, embora as escolhamos por si mesmas (escolhê-las-íamos ainda que nada resultasse delas), escolhemo-las por causa da felicidade, pensando que através delas seremos felizes. Ao contrário, ninguém escolhe a felicidade por causa das várias formas de excelência, nem, de um modo geral, por qualquer coisa além dela mesma.
Vício por deficiência ...........Virtude ............Vício por excesso
Covardia ............................Coragem ..................Temeridade
Insensibilidade .....................Temperança ..................Libertinagem
Avareza..................................Liberalidade............Esbanjamento
Vileza .................................Magnificência ....................Vulgaridade
Mas a forma do prazer é perfeita a cada momento. É claro, então que o prazer e o movimento diferem entre si, e que o prazer deve ser uma das coisas que são um todo e perfeitas. Esta conclusão também pode ser corroborada pelo fato de o movimento ocupar necessariamente um lapso de tempo, enquanto um sentimento de prazer não ocupa, pois cada momento de prazer é um todo perfeito.


INCLUSÃO E EXCLUSÃO NA CIDADANIA GREGA
INCLUSÃO

Refere-se à condição daqueles que,
pertencendo ao corpo político das cidades
gregas, tinham o direito de:
viver em território grego, na cidade;
participar diretamente das decisões que
determinavam os rumos da vida da cidade.
Condições para a participação:
Igualdade entre os cidadãos em relação
ao respeito às leis;
Liberdade de agir no interior das instituições
que governam os destinos da cidade.


EXCLUSÃO:

Na democracia grega não é suficiente o pertencimento político.
A cidadania está associada ao conceito de democracia.
Restrita ao grupo de homens livres, + ou - 10% da população na época antiga (negado a mulheres, escravos, metecos e crianças)


CONTEXTO HISTÓRICO DO HELENISMO

Designa-se por período helenístico (do grego, hellenizein – "falar grego", "viver como os gregos") o período da história da Grécia compreendido entre a morte de Alexandre III (O Grande) da Macedônia em 323 a.C. e a anexação da península grega e ilhas por Roma em 147 a.C.. Caracterizou-se pela difusão da civilização grega numa vasta área que se estendia do mar Mediterrâneo oriental à Ásia Central. De modo geral, o helenismo foi a concretização de um ideal de Alexandre: o de levar e difundir a cultura grega aos territórios que conquistava. Foi naquele período que as ciências particulares têm seu primeiro e grande desenvolvimento. Foi o tempo de Euclides e Arquimedes. O helenismo marcou um período de transição para o domínio e apogeu de Roma. 


PERÍODO HELENISTA DA FILOSOFIA

Epicurismo 
Estoicismo
Pirronismo
Cinismo
Neo-Platonismo


ÉTICA EPICURISTA

Corpo exige pouco para viver bem
A alma deveria se tornar imperturbável 
diante dos impulsos que levam à libertinagem
e à ostentação
para permanecer tranqüila
tranqüilidade da alma depende do 
aprendizado da correta escolha dos 
prazeres a serem buscados. 
a má escolha sempre acarreta algum tipo de sofrimento.
Simples e eficazes idéias
Para o mundo antigo e medieval.
Anseios de felicidade dos homens do seu tempo
perpetuaram até os dias atuais
estímulo à discussão acerca da forma como os homens vivem em sociedade.


ÉTICA ESTOICISTA

O termo "estoicismo" vem do grego stoa poikilê, o pórtico pintado de Atenas, onde o saber estóico era transmitido. A verdade estóica se baseia na phantasia kataleptikê [percepção apreensiva]. 
A vida e o próprio curso da existência passam por ciclos criativos repetitivos. É preciso compreender a qualidade do momento e compreender esta qualidade como uma "reedição" ou releitura de algo que já ocorreu antes.
Aquele que esquece o passado está fadado a repeti-lo no futuro.
Filosofia estóica tem com meta a busca pela felicidade duradoura, neste mundo, uma felicidade imanente, refutando a busca por paraísos incorpóreos e outros mundos. Sêneca, um dos principais filósofos estóicos, chamava todavia a atenção para o "bom premeditatum" e para o "premeditatum tolo". Dizia ele que existem dois tipos de "malignitudes": 
Aquelas que podemos evitar ou corrigir; 
Aquelas sobre as quais não podemos fazer nada
(ATARAXIA ).  


ÉTICA PIRRONISTA - PIRRÓN DE ELIS (360-270, a.C.). 

Pirrón defendia que os nossos juízos sobre a realidade são convenções
sempre baseados em sensações mutáveis.
Desta forma devia-se suspender o juízo e não se decidir por nenhuma crença ou opinião. Um conceito importante que aparece com os cépticos é o de suspensão de juízos ou epoché.
O cético pirrônico pode permanecer em ATARAXIA
mesmo diante de uma questão formulada para a qual
ele ainda não tenha encontrado de imediato um
argumento oposto equivalente
sem que isto o torne dogmático
age diante da confiança em sua habilidade
argumentativa e em suas experiências anteriores
de haver sempre contraposto teses
sabe que mais cedo ou mais tarde, no seguimento da sua investigação, irá encontrar a tese oposta equivalente, e por isto não se inquieta.


ÉTICA CINISTA

Diógenes de Sinope ( 423/419-323)
 “o cínico” ou “cão”
“Sempre que via na vida, pilotos, médicos e filósofos, costumava definir o homem como o mais inteligente dos animais, entretanto, quando via interpretes de sonhos, adivinhos e pessoas que prestavam atenção a indivíduos cheios de arrogância ou riqueza, pensa que não havia animal mais estulto” (Diógenes Laertios, Vidas e Doutrinas dos Filósofos Ilustres, VI,24  pag. 58 ) 
Existe uma ética no comportamento de Diógenes O Cínico
Autocontrole
fruto do desdém saudável pelos prazeres e sofrimentos próprios
impaciência para com as convenções e hierarquias de uma sociedade  presumivelmente corrupta.  


ÉTICA NEOPLATÔNICA

Maio Neoplatônico Plotino (c. 205- c. 270).
Licópolis, Egito.
Estudou em Alexandria
asceta e celibatário. 
 se refugiou em Antioquia
Em Roma
fundou uma escola.
Província de Campânia
faleceu.
Na ordem das processões
Está o Uno (tò Hén) .
Se destacam a
Bondade
total transcendência em relação à matéria.
Esta, no extremo oposto
não é nem una, nem boa. 
Consiste a moral e a ascese no esforço de retorno desde esta última irradiação material do ser. A degradação se inverte em reunificação. 





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BIBLIOGRAFIA
· PLATÃO. Gorgias. Tradução de Alfred Croiset, revisão, introdução e notas de Jean-François Pradeau, Paris, Les Belles Lettres, 1997.
· _______ Protágoras. Tradução de Alfred Croiset, introdução e notas de Pierre-Marie Morel, Paris, Les Belles Lettres, 1997.
· PLATÃO. Obras completas. Tradução, introdução e notas de MIGUEZ, ARAUJO, YAGÜE, GIL, RICO, HUESCAR e SAMARANCH. Segunda edición - tercera reimpresión. Madrid, Aguilar S.A. de Ediciones, 1977.
· _______ Gorgias. Tradução, introdução e notas de Monique Canto-Sperber, Paris, GF Flammarion, 1987.
· _______ Protágoras. Tradução, introdução e notas de Frédérique Ildefonse, Paris, GF Flammarion, 1997.
C) Estudos de conjunto:
· DUPRÉEL, Eugène. Les Sophistes – Protágoras, Gorgias, Prodicus, Hippias. Neuchâtel, Éditions du Griffon, 1980 (1948).
· GRUBE, G. M. A. El Pensamiento de Platón. Tradução de Tomás Celvo Martínez, Madrid, Gredos, 1987.
· JAEGER, Werner. Paidéia - A formação do homem grego. Tradução de Artur M. Parreira, São Paulo, Martins Fontes / Editora Universidade de Brasília, 1989.
· LELIEPVRE-BOTTON. Premières leçons sur Gorgias de Platon. PUF, Paris, 1996.
· NEVES, Maria Helena de Moura. A vertente grega da gramática tradicional. São Paulo, Ed. HUCITEC, 1987.
· ROBIN, Léon. A moral antiga. Tradução do Dr. João Morais-Barbosa, Porto, Edições Despertar, 1970.
· WOLFF, Francis. Sócrates. Tradução de Manuela Torres, Lisboa, Teorema, 1987.
· ZELLER, Eduard. Sócrates y Los Sofistas. Tradução de J. Rovira Armengol, Buenos Aires, Editorial Nova, 1955.
Histórias da filosofia:
· GUTHRIE, W. K. C. Historia de la filosofía griega IV: Platón el hombre y sus diálogos – Primera época. Tradução de Álvaro Vallejo Campos e Alberto Medina González, Madrid, Gredos, 1990.
Estudos e Ensaios:
· CANTO-SPERBER, Monique. "Platon" in Philosophie grecque. Paris, PUF, 1997.
· __________ L’éthique des anciens et la morale des modernes. Rio de Janeiro, 1998. Inédito (apresentado em seminário na UERJ em 26 de outubro de 1998).
· CAPPELLETTI, Angel J. "Vida y evolución en la filosofia griega" in Pensamiento. vol.46, n° 182. Madrid, 1990.
· GÓMEZ, José Luis Muntán. "Naturaleza y filosofia griega" in Pensamiento. vol.51, n° 201, Madrid, 1995.
· PESSANHA, José Américo Motta. "As delícias do jardim" in Ética. São Paulo, Companhia das Letras, 1992.
· VERGEZ, André. "Technique et morale chez Platon" in Revue Philosophique de la France et de L’Étranger, n° 1, Paris, PUF, 1956.
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Dicionários e Enciclopédias:
· CANTO-SPERBER, Monique (org.). Dictionnaire d’ethique et de philosophie morale. Paris, PUF, 1996.
· FERRATER, Mora José. Diccionario de filosofia. Barcelona, Editorial Ariel, S.A., 1994.
· GRÉGORY, Claude (org.). Encyclopoedia universalis. Paris, Encyclopoedia Universalis France S. A., 1990.
· PELLEGRIN, Pierre (org.). Le Savoir Grec - Dictionnaire critique. Paris, Flammarion, 1996.
· SYLVAIN, Auroux (org.). Encyclopédie philosophique universalle - Les notions philosophiques – Dictionnaire 1, 2. Paris, PUF, 1990.

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