sábado, 5 de setembro de 2009

Antropologia - Aula 4

CLAUDE LÉVI-STRAUSS (1908..) 
Cem anos de um intelectual do século, um capítulo que não pode faltar na antropologia e na história da humanidade.


CLAUDE LÉVI-STRAUSS (1908..) - HOMENAGEM
"A sua obra, com uma mensagem humanista e de alcance universal, transformou a nossa visão do Mundo. Interessado em todas as civilizações, ele ensinou-nos a complexidade dos mitos e a diversidade das culturas, assim como sua fragilidade".
"sabemos que a riqueza da Humanidade reside na sua diversidade e na sua capacidade de sempre reconhecer o lugar do outro"
(Koichiro Matsuura, director-geral da Unesco)





CLAUDE LÉVI-STRAUSS (1908..) – O HOMEM



CLAUDE LÉVI-STRAUSS (1908..) - VIDA
Nasceu em Bruxelas, Bélgica, filho de um judeu agnóstico.
Em 28 de Novembro de 1908 (100 anos)
Nacionalidade - Francesa
Ocupação - acadêmico, etnógrafo
Escola/tradição:
Antropologia Estrutural(fundador), estruturalismo, sociologia francesa
Principais interesses:
antropologia, sociologia, etnografia, linguística, metodologia, estética, epistemologia, mitologia
Idéias notáveis - Mitografia , Pensamento Selvagem, estruturas do parentesco
Influências:
Rousseau, Kant, Karl Marx, Sigmund Freud, Roman Jakobson, Saussure, Durkheim, Marcel Mauss, Malinowski, Radcliff-Brown, Franz Boas, Merleau-Ponty, Sartre
Influenciados:
Althusser, Bourdieu, Zizek, Lacan, Foucault, Derrida, Baudrillard, Sahlins, Jameson, Pêcheux, Umberto Eco, Jameson, Barthes


CLAUDE LÉVI-STRAUSS (1908..) - VIDA

»Estudou Direito e Filosofia na Sorbonne, mas deixou direito pelo caminho.
É referência da Antropologia Moderna cujo primeiro trabalho etnográfico foi feito ainda durante o curso de Filosofia.
»Um convite de Marcel Mauss, "pai" da Etnologia francesa para ingressar no recém-criado departamento de etnografia da universidade indicou-lhe o caminho.
»"Se desejasse estudar a minha própria sociedade, ter-me-ia tornado um especialista em Ciência Política ou Sociologia. Se me tornei antropólogo é porque as outras sociedades me interessavam mais do que a minha"
afirmou no documentário «Trópico da Saudade», ao antropólogo brasileiro Marcelo Fortaleza Flores.
»Claude Lévi-Strauss reformou-se em 1982.
Continua a publicar teses sobre artes, música e poesia.
E memórias, além de se ter dedicado a outros interesses como a geologia, a botânica e a astronomia.




CLAUDE LÉVI-STRAUSS (1908..) – O BRASIL



CLAUDE LÉVI-STRAUSS (1908..) – O BRASIL
O Brasil está muito presente no século de Lévi-Strauss.
Lecionou no polo de Sociologia da Universidade de S.Paulo entre 1935 e 1939 e realizou várias expedições para encontrar indígenas, no Mato Grosso e na Amazônia, com trabalhos de campo nas tribos dos bororo, nambiquara e tupi-kawahib, experiências que o orientaram definitivamente como profissional da antropologia.
E depois de se ter tornado referência no mundo acadêmico, o reconhecimento público surgiu quando escreveu sobre o Brasil:
«Tristes Trópicos»
«Saudades do Brasil».


CLAUDE LÉVI-STRAUSS (1908..) – E A UNESCO
Depois de ter estado exilado nos Estados Unidos, durante a II Guerra Mundial, e de ter entretanto regressado a Paris para reerguer a universidade e ajudar a fundar o Musée de l'Homme, Lévi-Strauss participou desde finais dos Anos 1940 na comissão internacional encarregada de redigir a primeira declaração da Unesco sobre raça, que foi publicada em 1950.
Já em 1971 foi convidado a inaugurar o Ano Internacional da Luta Contra o Racismo, protagonizando na sede da organização a célebre conferência Raça e Cultura.





CLAUDE LÉVI-STRAUSS (1908..) – E O AMBIENTE
Outra das suas preocupações precoces, foi o ambientalismo.
Ao mesmo tempo que fazia investigação e trabalhos de campo na área da Antropologia, e de que resultou a sua defesa das culturas e tradições diferentes, foi o precursor do pensamento ecológico.
A mesma forma que levava o homem a alfabetizar os povos não letrados ou a tentar evangelizá-los, poderia levar a uma uniformização, pensava, que seria símbolo de progresso mas ao mesmo tempo de destruição, das culturas e da terra.


CLAUDE LÉVI-STRAUSS (1908..) – NA HISTÓRIA
França programou uma série de homenagens pelo seu centenário
No dia do seu aniversário no Museu de Quai Branly é o dia Lévi-Strauss, tendo o museu parisiense dedicado às artes e civilizações da América, África, Ásia e Oceania preparado a iniciativa "Claude Lévi-Strauss tem 100 anos".
Cem intelectuais - entre os quais Erik Orsenna, Bernard-Henri Lévy ou Julia Kristeva - leram trechos de obras do antropólogo tendo em fundo uma exposição de fotografias suas.
A Biblioteca Nacional da França prestou tributo a Lévi-Strauss com uma apresentação de seus manuscritos, que permitiu a descoberta de "documentos excepcionais" como o manuscrito de "Tristes Trópicos" ou cadernos de trabalho de campo e croquis, entre outros.
Paralelamente, a edição de vários livros sobre o autor ou seus, em reedição.


CLAUDE LÉVI-STRAUSS (1908..) – ESTRUTURALISMO
A antropologia estrutural
nasce na década de 40.
Centraliza o debate na idéia de que existem regras estruturantes das culturas na mente humana
Assume que estas regras constroem pares de oposição para organizar o sentindo.
Para fundamentar o debate teórico
recorre a duas fontes principais:
a corrente psicológica criada por Wilhelm Wundt
o trabalho realizado no campo da lingüistica, por Ferdinand de Saussure, denominado Estruturalismo.
Influenciaram-no, ainda, Durkheim, Jakobson (teoria linguística), Kant (idealismo) e Marcel Mauss.



CLAUDE LÉVI-STRAUSS (1908..) – IDÉIAS CENTRAIS
Para a Antropologia Estrutural as culturas definem-se como sistemas de signos partilhados e estruturados por princípios que estabelecem o funcionamento do intelecto.
Em 1949 publica “As estruturas elementares de parentesco”
Analisando os aborígines australianos e, em particular, os seus sistemas de matrimônio e parentesco.
Nesta análise, Lévi-Strauss demonstra que as alianças são mais importantes para a estrutura social que os laços de sangue.
Termos como exogamia, endogamia, aliança, consaguinidade passam a fazer parte das preocupações etnográficas.


CLAUDE LÉVI-STRAUSS (1908..) – ESTRUTURALISMO
Para o antropólogo Claude Lévi-Strauss (1970:377) a etnografia corresponde “aos primeiros estágios da pesquisa: observação e descrição, trabalho de campo”.
A etnologia, com relação à etnografia, seria “um primeiro passo em direção à síntese” e a antropologia “uma segunda e última etapa da síntese, tomando por base as conclusões da etnografia e da etnologia”.
Qualquer que seja a definição adaptada é possível entender a antropologia como uma forma de conhecimento sobre a diversidade cultural, isto é, a busca de respostas para entendermos o que somos a partir do espelho fornecido pelo “Outro”; uma maneira de se situar na fronteira de vários mundos sociais e culturais, abrindo janelas entre eles, através das quais podemos alargar nossas possibilidades de sentir, agir e refletir sobre o que, afinal de contas, nos torna seres singulares, humanos.




LÉVI-STRAUSS E A ANTROPOLOGIA ESTRUTURAL
No campo dos estudos da antropologia e do mito, o trabalho foi levado a diante por Claude Lévi-Strauss, no período imediato à II Guerra Mundial, que divulgou e introduziu os princípios do estruturalismo para uma ampla audiência, alcançando uma influência quase que universal, fazendo com que o seu nome, o de Lévi-Strauss, não só se confundisse com o estruturalismo como se tornasse um sinônimo dele. O estruturalismo virou "moda" intelectual nos anos 60 e 70. Os livros dele ("O Pensamento Selvagem", Tristes Trópicos, Antropologia estrutural, As estruturas elementares do parentesco), tiveram um alcance que transcendeu em muito aos interesses dos especialistas ou curiosos da antropologia Desde aquela época o estruturalismo de Lévi-Strauss tornou-se referência obrigatória na filosofia, na psicologia e na sociologia. De certo modo, ainda que respeitando a indiferença dele pela história ("o etnólogo respeita a história, mas não lhe dá um valor privilegiado", in O Pensamento Selvagem, 1970, pág.292), pode-se entender a antropologia estrutural como um método de tentar entender a história de sociedades que não a têm, como é o caso das sociedades primitivas.
A valorização das narrativas mitológicas
Enquanto a ciência racionalista e positivista do século XIX desprezava a mitologia, a magia , o animismo e os rituais fetichistas em geral, Lévi-Strauss entendeu-as como recursos de uma narrativa da história tribal, como expressões legitimas de manifestações de desejos e projeções ocultas, todas elas merecedoras de serem admitidas no papel de matéria-prima antropológica. Como é o caso do seus estudos sobre o mito (Mythologiques) , cuja narrativa oral corria da esquerda para a direita num eixo diacrônico, num tempo não-reversível, enquanto que a estrutura do mito (por exemplo o que trata do nascimento ou da morte de um herói), sobe e desce num eixo sincrônico, num tempo que é reversível. Se bem que eles, os mitos, nada revelavam sobre a ordem do mundo, serviam muito para entender-se o funcionamento da cultura que o gerou e perpetuou. A mesma coisa aplica-se com o totemismo, poderoso instrumento simbólico do clã para reger o sistema de parentesco, regulando os matrimônios com a intenção de preservar o tabu do incesto (cada totem está associado a um grupo social determinado, a uma tribo ou clã, e todo o sistema de casamentos é estabelecido pelo entrecruzar dos que filiam-se a totens diferentes). O objetivo dele era provar que a estrutura dos mitos era idêntica em qualquer canto da Terra, confirmando assim que a estrutura mental da humanidade é a mesma, independentemente da raça, clima ou religião adotada ou praticada. Contrapondo o mito à história ele separou as sociedade humanas em “ frias” (fora da história - míticas) e “quentes” (dentro da história e do progresso – transformações tecnológicas).



IDENTIFICAÇÃO TEÓRICA

Além da religião, fazem parte da cultura os modos de alimentar-se (“O cru, o assado e o cozido”, brilhante ensaio de Lévi-Strauss, mostra a variação dos procedimentos das tribos com o alimento), de vestir-se, de combater ou de seguir os rituais religiosos.
Os antropólogos que seguem por esta senda podem até ser divididos
naqueles que se interessam em procurar aquilo que é comum entre as várias culturas espalhadas pelo mundo
naqueles outros que têm o seu interesse voltado exclusivamente para o que é original, singular, único, naquela cultura.
Seus olhos e ouvidos voltam-se então para
a magia, para os mistérios anímicos, o medos aos “manes”, aos fantasmas, a linguagem dos sonhos, para a mitologia e as concepções cósmicas, para o significado dos totens, para o sistema de parentesco e os procedimentos núpcias, para as tatuagem e automutilações, os sacrifícios, tudo isto entendido pelos antropólogos como “linguagens” especiais passíveis de serem estudadas, compreendidas e catalogadas.




CLAUDE LÉVI-STRAUSS (1908..) – ESTRUTURALISMO
Diversidade Condicionada
 Se, como escrevi em 'Raça e História', existe entre as sociedades humanas um certo ótimo de diversidade além do qual elas não conseguiram prosseguir, mas abaixo do qual tampouco podem descer sem perigo, deve-se reconhecer que essa diversidade resulta em grande parte do desejo de cada cultura de se opor às que a cercam, de distinguir-se delas, em suma, de serem elas mesmas; não se ignoram, imitam-se ocasionalmente, mas, para não perecerem, é necessário que, sob outros aspectos, persista entre elas uma certa impermeabilidade.
Claude Lévi-Strauss, in 'O Olhar Distante'


CLAUDE LÉVI-STRAUSS (1908..) – ESTRUTURALISMO
A Liberdade não Existe sem Coerção
Que não haja oposição entre a coerção e a liberdade; que, ao contrário, elas se auxiliem - toda a liberdade exerce-se para contornar ou superar uma coerção, e toda a coerção apresenta fissuras ou pontos de menor resistência que são incitações à criação -, nada, sem dúvida, consegue dissipar melhor a ilusão contemporânea de que a liberdade não suporta entraves e de que a educação, a vida social, a arte requerem para desabrochar um ato de fé na onipotência da espontaneidade: ilusão que certamente não é a causa, mas na qual é possível ver um aspecto significativo da crise que o Ocidente atravessa hoje.
Claude Lévi-Strauss, in 'O Olhar Distante'



CLAUDE LÉVI-STRAUSS (1908..) – ESTRUTURALISMO
A História é Sempre Fabricada
A história não está ligada ao homem, nem a qualquer objeto em particular. Consiste inteiramente no seu método; a experiência comprova que ele é indispensável para inventariar a integralidade dos elementos de uma estrutura qualquer, humana ou não humana. Longe portanto de a pesquisa da inteligibilidade resultar na história como o seu ponto de chegada, é a história que serve de ponto de partida para toda a busca de inteligibilidade. Assim como se diz de certas carreiras, a história leva a tudo, mas contanto que se saia dela.
Claude Lévi-Strauss, in 'O Pensamento Selvagem'


CLAUDE LÉVI-STRAUSS (1908..) – AFORRISMOS
“O mundo começou sem o homem e acabará sem ele”
Fonte: "Tristes Trópicos"
Tema: Homem
“O dia em que se chegar a compreender a vida como uma função da matéria inerte será para descobrir que ela possui propriedades diferentes das que lhe atribuíam”
 Fonte: "O Pensamento Selvagem"
Tema: Vida
“O sábio não é o homem que fornece as verdadeiras respostas; é quem faz as verdadeiras perguntas”
Fonte: "O Cru e o Cozido"
Tema: Sábios



TODAS IMAGENS RETIRADAS DA INTERNET - GOOGLE IMAGENS



Referência para complementação
portal.unesco.org
comunidadeimaginada.wordpress.com
flaneriesphilosophiques.blogspot.com
anodafrancanobrasil.cultura.gov.br
philippegoffe.wordpress.com
revistacult.uol.com.br/website/news.asp?edtCode=4BB292BB-2D6D-4F39-8206-CDCE2F7B5FEE...
cadernos-da-belgica.blogspot.com/2008/11/claude-lvi-strauss-completa-100-anos.html
www.estantevirtual.com.br/buscaporautortitulo/Claude%20Levi-strauss%20Tristes%20Tropicos

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