segunda-feira, 3 de maio de 2010

Sóbrias Constatações


Faz dias... não penso em você...
Como alguém que vai aos poucos se desintoxicando... com água... com soro... ou sangria.
Como um resfriado que se vai ... com o repouso... com um "suadô"... com um aconchegante capuccino.
Como a perda do bronzeado das férias... gradativamente... com a sombra... os banhos... as trocas de pele.
Como as flores das minhas orquídeas... perdendo o vigor... a beleza... o viço... a cor... o brilho... o perfume... das flores que vemos por aí... que pegamos pelos caminhos... presenteamos alguém antes que ela murche... flores em que me vias... flores que me trazias... Trasímaco... ou Quasímodo... mudo...
Como a visão do barco que parte cheio de metáforas do porto...de imenso a imensurável...
Aos poucos os filmes vão sendo apenas imagens sobrepostas de fotos que num momento viram movimento... instantes parados e móveis... voltam ao seu lugar de arte... com sua aura pura... descausados de qualquer efeito...
As músicas... sendo apenas uma harmonia entre poesia e melodia... só canção...
Os cafés apenas soluções estimulantes entre os intervalos e para o descanso...
E... aos poucos... tudo vai voltando ao seu lugar de ser... sem tentativas frustradas de conexões... só o preguiçoso acaso... aos poucos... bem devagar... vamos tentando nos acostumar com o dia, a vida, as escolhas, com os momentos, com as memórias, com a duração... com a dura ação da vida pesada nos ombros, desesperada por fazer sentido... tendo como cúmplice a poesia, algumas palavras e o luar...

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