sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Relações por um fio VIII

Moça, 


Parece que a maioria das mitologias têm seu deus do vinho.
   Dionísio, Baco, Osíris...
   Mas como nunca simpatizei com os egípcios, com suas figuras esquálidas e de cara virada, fiquemos apenas com os dois primeiros.
   Dionísio e Baco: dois dos mais belos e lascivos deuses. Sub-utilizados. Desperdiçados com essa bebida sem-graça, sem corpo ou substância. O pior: sem alma.
    E onde estão os deuses do nosso indefectível whisky, desse nosso cúmplice e catalisador?
    Deveria haver não um deus a seu dispor. Panteões, teogonias, deveriam existir.
    É hora, portanto, da criação de  novos deuses.
   Não sei se esse deus do whisky teria muitos asseclas. Mas, pelo menos, dois (in)fiéis(?), ele seguramente teria. Ao menos, altares em duas casas.
    Vamos fundar uma religião, Moça? Pagã, é claro.
   Comentários a respeito de seus (muito bem-vindos, mande mais) e-mails:
            - Também prefiro o doce e sóbrio, o sem-pressa. Essa minha aparente urgência é mais no sentido de entender o que aconteceu e não na urgência da concretização do ato em si (se bem que se ela ocorrer, será muito bem acolhida). Olha, não quero que você fique com algum tipo de vergonha em relação a mim, que passe a me tratar de modo diferente no cotidiano, com reservas. Por favor, tá? Sou incapaz de qualquer indiscrição, garanto.
            - Sim, as asas são frágeis, estruturas celofânicas. Eu, anjo caído que sou, perdi as minhas há tempos. E quer saber? Não têm me feito muita falta. Mas me fizeram naquela madrugada à saída do baile. Ainda as conservasse e nós poderíamos ter dispensado o táxi.
           Xiiii!!!! Tô vendo que esses nossos e-mails acabarão sendo depositários de nossas vontades inconfessáveis (porém já confessas) , nossos lado B, nossas caixas secretas.
               Nós : duas Pandoras.
               Engraçado... Também estou com saudades de você.
Moço.

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